O representante comercial Caio Magalhães não abre mão de um bom som: "Passo 60% do meu tempo dentro carro. A música distrai"
O representante comercial Caio Magalhães não abre mão de um bom som: "Passo 60% do meu tempo dentro carro. A música distrai" | Foto: Fotos: Anderson Coelho



Desde outubro do ano passado uma resolução do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) flexibilizou os requisitos para autuações por som alto. O motorista que for flagrado com o som audível pelo lado de fora do veículo, em volume que perturbe o sossego, poderá ser multado. O agente de trânsito deverá registrar, no campo de observações do auto de infração, a forma de constatação do fato.
O som alto é uma infração grave, com multa de R$ 191,23, acrescida de cinco pontos na CNH (carteira nacional de habilitação). Em 2016, o Detran-PR (Departamento de Trânsito do Paraná) registrou 1.753 autos de infração em função de som. Só nos primeiros três meses deste ano, já foram aplicados 2.791.

A coordenadora de infrações do Detran, Marli Batagini, comenta que esse aumento é reflexo da mudança da legislação. "Até a resolução de outubro de 2016 era mais difícil fazer o auto de infração. O agente de trânsito precisava ter o decibelímetro (aparelho que mede os decibéis) para comprovar o nível de decibéis. A resolução muda isso e determina no primeiro artigo a proibição da utilização de som audível do lado de fora do veículo", explica. Os carros de som e trios elétricos precisam de autorização dos órgãos de trânsito do município.

A nova regra também tem tido reflexo nas lojas de produtos para som automotivo. Os consumidores estão procurando instalar equipamentos que possibilitam um som de qualidade, mas que não vaze para o exterior. Uma das opções tem sido as caixas subwoofers. Elas proporcionam uma sensação de home theater dentro do carro.

Outro acessório que amplifica a qualidade do som é o palco sonoro, que dá a impressão de que o artista está cantando na frente do motorista. "Com as caixas comuns, o som vem da parte traseira. Com a instalação de um kit duas vias, o som parece estar na parte da frente", esclarece Fernando Schobiner, dono da Schobiner Som.

O comerciante Fernando Shobiner aconselha comprar equipamentos conforme a marca para não correr riscos
O comerciante Fernando Shobiner aconselha comprar equipamentos conforme a marca para não correr riscos



ESPAÇO INTERNO
Para quem não abre mão de ouvir música com qualidade, mas também não quer perder espaço interno, a opção são as caixas slim, que cabem em qualquer lugar: até mesmo embaixo do banco.

Para o representante comercial Caio Magalhães, de 41 anos, um som de qualidade é fundamental. "Passo 60% do meu dia dentro do carro. Se não tiver um som bom dá sono. A música distrai e acelera a pessoa", comenta. Ele comprou recentemente um carro zero km, mas, apesar da concessionária oferecer o acessório de áudio, Magalhães preferiu colocar o sistema multimídia e alto-falantes em uma loja especializada. "Sai uns 40% mais barato", diz.

Schobiner aconselha que ao comprar os equipamentos é preciso ter atenção com as marcas. Segundo ele, há muitos produtos de fabricação chinesa de baixa qualidade. "Muitas pessoas vão ao Paraguai buscar os equipamentos e trazem coisas de má qualidade, aí a economia acaba saindo caro", comenta o empresário.

Os consumidores estão procurando instalar equipamentos que possibilitem um som de qualidade, mas que não vaze para o exterior do veículo
Os consumidores estão procurando instalar equipamentos que possibilitem um som de qualidade, mas que não vaze para o exterior do veículo



MULTIMÍDIA
Um acessório que virou o "queridinho" dos donos de veículos é a central multimídia, com TV, GPS, bluetooth. O sistema plug in play é de fácil instalação e evita a necessidade de cortar o chicote (fiação principal). Alguns modelos, como por exemplo, o Corolla da Toyota, possuem centrais específicas. Mas aqueles carros mais antigos também podem ganhar toque moderno com uma central universal.
O acessório custa entre R$ 1.800 e R$ 2.300. Antes de comprar o dispositivo é preciso verificar quais os acessórios de áudio instalados no carro e o que eles exigem da central multimídia. Também se deve analisar os acessórios mais utilizados no dia a dia. Isso impactará no preço final do equipamento.
Também é importante verificar no manual do veículo qual tipo de multimídia é permitido ser instalada e se há espaço para a instalação do acessório. De acordo com Schobiner, o GPS é um dos principais motivos da escolha pelas centrais multimídias.

Imagem ilustrativa da imagem Som alto só dentro do carro



Alterações dependem de autorização do Detran
A gama de acessórios automotivos é enorme, desde películas até câmeras de ré, faróis de led e sistemas sofisticados de bloqueio contra furto. Mas antes de comprar qualquer acessório que possa alterar as características de fábrica do veículo é preciso consultar o Detran-PR (Departamento de Trânsito do Paraná).
A coordenadora de infrações do órgão, Marli Batagini, explica que, mesmo que os produtos estejam à venda, não significa que o uso seja permitido pela legislação. Por exemplo, o mercado oferece as lâmpadas de led, em alternativa às de xénon que são proibidas. Mas uma nova resolução do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) determinou que agora nem a iluminação de led é permitida. "Está proibida qualquer mudança no sistema de iluminação de fábrica", alerta Batagini.
Apenas quem tem autorização do órgão de trânsito expressa no documento do veículo pode rodar com faróis de xénon, e essa permissão, quando concedida, é exclusiva para os faróis principais. "Eles foram proibidos porque causa cegueira momentânea no condutor da via contrária. Para o motorista é muito bom, mas para quem vem na via contrária ou está à frente pode comprometer a segurança", explica a coordenadora.
Para quem pretende fazer mudanças no veículo, Batagini orienta primeiro procurar o Detran para saber se aquela alteração é permitida pela legislação. O órgão dará uma autorização. Depois de feitas as mudanças, o veículo terá que passar por inspeção veicular em uma empresa credenciada pelo Contra e Inmetro, que vai emitir um laudo. Com esse laudo, o proprietário solicitará um novo documento no órgão de trânsito.
"Procure sempre o Detran para saber o que é ou não permitido. Nem sempre o que está no balcão para vender, a lei permite o uso", comenta a coordenadora. Não se informar antes pode pesar no bolso. Uma multa por mudança das caraterísticas do carro pode render quase R$ 300 e sete pontos na CNH (carteira nacional de habilitação) do dono do veículo. (A.M.P)