Wesley Marques, mecânico em Cambé, diz que vida útil da bomba pode ser encurtada entre 30% e 40%
Wesley Marques, mecânico em Cambé, diz que vida útil da bomba pode ser encurtada entre 30% e 40% | Foto: Ricardo Chicarelli



Falta de dinheiro e distração estão entre as principais razões apontadas pelos motoristas para insistirem em circular com o combustível na reserva. Embora nem sempre se tenha noção disso, quem conduz o veículo nessa condição assume o risco de provocar acidente, já que a qualquer momento pode sofrer uma pane seca.
Pelo artigo 180 do CTB (Código de Trânsito Brasileiro), é considerada infração média deixar o veículo imobilizado na via por falta de combustível. Nessa situação, o condutor perde quatro pontos, dependendo do local tem o carro recolhido e ainda é multado em R$ 130,16. Segundo o Detran (Departamento de Trânsito do Paraná) 74 condutores foram autuados por falta de combustível de janeiro a setembro em todo o Estado. Em 2016, no mesmo período, foram 79 e durante todo o ano passado, 101. "O motorista tem a falsa sensação de estar lucrando ao se arriscar na reserva. Mas, o prejuízo é duplo, pois além de cometer uma infração, está provocando desgastes em vários componentes do veículo por conta do superaquecimento", afirma Claudemir Fernandes Farias, professor do curso de Técnico em Manutenção Automotiva do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) de Londrina. Carburadores, especialmente nos modelos mais antigos, e bombas elétricas são os mais prejudicados.
O proprietário da mecânica Auto Marques de Cambé, Wesley Marques, conta que faz parte da rotina do estabelecimento atender um ou outro cliente desavisado que acaba gastando com a troca de peças, por guiar o carro com pouco combustível. "Boa parte dos carros novos têm o motor na frente e a bomba elétrica atrás. A função do combustível é vir frio, justamente para resfriar a bomba e retornar quente. Quando o tanque está abaixo de um quarto, isso não ocorre e acaba desgastando bem mais rápido a bomba, encurtando sua vidá útil em 30% a 40%", descreve.
Outra consequência atribuída ao uso do combustível na reserva é que a sujeira do tanque acaba sendo "puxada" com mais facilidade. "Esses resíduos que vão sendo depositados no tanque acabam obstruindo a tela da bomba. Quando atravessam a tela podem danificar o sistema de injeção", aponta Farias.
Marques acrescenta que, com a bomba suja, o condutor ainda acaba gastando mais combustível.

LIÇÃO APRENDIDA
Há dois meses, o representante comercial Fernando César Cebinelli sentiu no bolso o custo de circular com o carro na reserva. "Eu me lasquei. Primeiro, com os sintomas do problema, que no caso do meu carro foi de gastar mais combustível para o mesmo percurso. Depois, descobri que a bomba elétrica do veículo, em dois anos de uso, estava praticamente pifada", recorda.
Cebinelli diz que habitualmente andava com combustível na reserva. "Depois do prejuízo de quase R$ 300 entre bomba, filtro e mão de obra, quando o painel mostra que o tanque está perto de um quarto já corro abastecer, porque essa lição foi de lascar. Há carro com 10 anos de uso que nunca precisou trocar a bomba. É o tipo do item feito para durar", reconhece.