Maringá - Desde o princípio da indústria automobilística uma das marcas que mais se destaca é a Mercedes-Benz. Com sua estrela de três pontas que representa a potência e variedade de seus motores, capazes de rodar bem no ar, na terra e no mar, a empresa alemã tem cada vez mais fãs, sobretudo no mundo do antigomobilismo.
Um desses aficionados é o empresário Odair Portugal, morador de Campo Largo, que entre seus diversos veículos não esconde a preferência. ''Tenho automóveis de marcas variadas, mas minha grande paixão é Mercedes'', diz ele, mostrando, orgulhoso, sua Mercedes-Benz W114 230/6, ano 1975.
A linha W114 uma é uma das mais vendidas pela Mercedes, assim como a W115 - versão muito parecida, só que a diesel - foi produzida até 1976, por isso a de Portugal pode ser considerada um dos últimos modelos. Na cor branca e com coloração interna monocromática no tom marrom claro, o automóvel é digno de transportar chefes de estado, tanto é que pertenceu ao consulado da Espanha e carrega em sua lateral dianteira o espaço onde era fixada a bandeira do país.
Se notabilizam no carro o motor 2.3, com seis cilindros e o fato de ter freio a disco nas quatro rodas, apesar de seus 37 anos de fabricação. ''Isso era um artigo de série da Mercedes já naquela época'', afirma o proprietário.
Membro do Clube de Veículos Antigos Especiais de Campo Largo - OldCars - ele revela que teve dificuldades para restaurar o veículo, mas garante ter preservado 100% da sua originalidade. ''Esse carro ficou 12 anos parado em um estacionamento. Estou com ele há quatro anos e levei pelo menos dois para reformar'', lembra.
Quem vê a 230/6 hoje rodando por aí e encarando uma estrada toda vez que são marcados encontros Brasil à fora nem faz ideia do garimpo por peças que Portugal precisou fazer. Ele lembra que todo o trabalho exigiu muita pesquisa e paciência.
São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso e até mesmo a Alemanha são alguns dos lugares onde o empresário encontrou partes do que hoje é seu automóvel, formando assim uma espécie de quebra-cabeças. O maior símbolo dessa busca deve ser, provavelmente, a famosa estrela ostentada sobre o capô. ''A estrelinha estava quebrada e procurei em uns três estados até achar uma como eu queria'', enfatiza.
As calotas, exatamente como as utilizadas pela 230/6 em seu ano de fabricação, são outros dos artigos encarados como conquistas pelo campo-larguense. Tantos anos de busca têm lá suas recompensas. ''Acabei aprendendo um pouco da mecânica das Mercedes. O colecionador acaba se envolvendo e não tem como não aprender alguma coisa'', esclarece.
Portugal confessa que para um antigomobilista apaixonado como ele o garimpo por peças e cada um dos artefatos que conferem originalidade a um veículo são os grandes prazeres desse hobby. Mas, particularmente, o empresário aponta como a maior satisfação de ter um carro antigo as amizades que faz ao longo do caminho. ''Não existe nada melhor do que participar de encontros, ver o interesse do público em saber sobre o seu carro, ouvir histórias e conhecer outros colecionadores'', atesta.