O conjunto disco e pastilha precisa rodar uns 300 quilômetros para obter a máxima eficiência dos freios, por isso não deve ser trocado às vésperas de uma viagem, orienta especialista
O conjunto disco e pastilha precisa rodar uns 300 quilômetros para obter a máxima eficiência dos freios, por isso não deve ser trocado às vésperas de uma viagem, orienta especialista | Foto: Shutterstock



Ao contrário da buzina, freios não foram feitos para fazer barulho. Essa certeza é ressaltada tanto pelos profissionais do ramo de manutenção automotiva, quanto policiais rodoviários, mas ainda não deixaram de acrescer registros às estatísticas de acidentes de trânsito.

"O avanço na tecnologia disponibilizada para o sistema de freios (sistema ABS), as mudanças na legislação e certificação do Inmetro e a renovação da frota nos últimos 10 anos contribuíram para praticamente zerar acidentes causados por falhas mecânicas ou defeitos de engenharia nas vias, que em outros tempos já responderam por quase 50% dos registros. O problemas é que os 4% que ainda persistem em pontuar nas estatísticas de todo o país, não são necessariamente falhas mecânicas, mas humanas, de negligenciarem a rotina de manutenção, algo que só reforça o nosso problema crônico de falta de educação no trânsito", constata o inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Paraná, Wilson Martinez.

Com 26 anos de experiência em oficinas, ministrando cursos e palestras sobre o tema por todo o País e responsável pelo canal no Youtube, Parada técnica, o especialista em freios Everson de Souza é irredutível ao defender que é fundamental para quem quer dirigir em segurança ter em mente a necessidade primária de cumprir a rotina de revisão à risca a cada 10 mil quilômetros rodados. "Quem dirige, não pode abrir mão disso, já que o contrário coloca em risco a vida de todos os ocupantes do veículos e os demais", alerta.

Segundo ele, mesmo sem completar 10 mil quilômetros, dar atenção aos freios algumas semanas antes de realizar um viagem ou toda vez que sentir qualquer diferença relacionada ao desempenho desse item no veículo são ações indispensáveis a qualquer condutor. "A eficiência total dos freios pode ser influenciada pelo desgaste do excesso de peso suportado por um veículo ou até mesmo a pisada de quem o dirige", acrescenta.

Ele chama atenção para o fato de que qualquer alteração nesses itens que integram os materiais de atrito do veículo implicam em uma consequência óbvia, o superaquecimento da peça e, naturalmente, o desgaste do sistema que é composto por um disco, que gira conforme a movimentação do veículo. Como na suspensão do carro estão fixadas as pinças e as pastilhas de freio, ao acionar o pedal no interior do veículo, essas pastilhas pressionam o disco, o que acaba segurando a rotação das rodas e consequentemente diminuindo a velocidade do carro. "É por isso que veículos que circulam muito por trechos de serra acabam encurtando a vida útil de pastilhas e freios", explica.

Imagem ilustrativa da imagem Não espere o freio reclamar



Quando o motorista percebe o veículo trepidar, isso sinaliza para o desgaste do disco do freio, que está com imperfeições que fazem com que a pinça tenha problemas ao entrar em contato com o disco, o que causa a trepidação. O ruído, por sua vez, ocorre porque as pastilhas de freio estão gastas, com isso, o metal das pastilhas entra em contato com o metal do disco e isso faz com que o atrito dos metais cause barulho. De acordo com Souza, efetuar a troca apenas das pastilhas é uma opção que, por vezes, faz a economia do presente pesar no bolso mais para a frente.

"Dependendo da espessura do disco, que deve constar nas especificações do produto, dá para retificá-lo, mas o ideal é trocar a pastilha e o discos, para garantir a aderência total de duas superfícies novas. Quando só a pastilha é trocada, cerca de 30% a 40% do disco não adere e começa a ter ruído e superaquecimento das partes que se encaixaram e passam a ser sobrecarregadas, reduzindo a vida útil da pastilha nova", orienta. O custo de fazer a troca completa muitas vezes acaba influenciando nessa decisão. "Em um veículo sedan médio, enquanto a troca das pastilhas varia entre R$ 150 e R$ 170, o jogo de discos fica entre R$ 500 e R$ 600, por isso que é importante levar em conta o custo da manutenção ao se adquirir um automóvel e sempre ter em mente que postergar a manutenção implica em pagar mais caro adiante, pois vai provocando mais desgaste", defende.

Souza ressalta ainda que, para aqueles que não conseguem se desvencilhar do costume de deixar para fazer a revisão às vésperas de uma viagem, no caso de pastilhas e discos, isso não é recomendado. "O conjunto novo precisa de uns 300 quilômetros para obter a máxima eficiência dos freios, pois leva um tempo para a aderência entre a pastilha e o disco. Por isso que não é raro sair da oficina com sensação de que o freio estava melhor antes", esclarece.