Everton Câmara, gerente de vendas da Euro Import BMW em Londrina, diz que a concessionária aposta na previsão de safra recorde no campo para alavancar as vendas
Everton Câmara, gerente de vendas da Euro Import BMW em Londrina, diz que a concessionária aposta na previsão de safra recorde no campo para alavancar as vendas | Foto: Anderson Coelho



As vendas de automóveis importados não começaram bem, de acordo com levantamento da Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa). Em janeiro deste ano, a comercialização dos veículos importados das 18 marcas associadas à entidade caiu 41,7% em relação a dezembro de 2016. Na comparação com janeiro do ano passado, a queda é ainda maior: chega a 47%. Neste primeiro mês do ano, as marcas venderam 1.945 unidades, contra 3.336 no mês anterior e 3.672 em janeiro de 2016.

Com o resultado, os veículos importados ocupam uma fatia de apenas 1,35% de todo o mercado interno de automóveis e comerciais leves licenciados em janeiro de 2017, de 143.582 unidades. O segmento fechou o ano de 2016 com queda de 40,2%, com comercialização de 35.852 unidades contra 59.975 em 2015. O resultado ficou abaixo do projetado em janeiro de 2016, quando a entidade apontava a venda de 39 mil unidades naquele ano.

"O veículo importado ainda é referência em tecnologia, design, motorização e balizamento de preços finais ao consumidor. Temos aceitação por parte do consumidor brasileiro", diz o presidente da Abeifa, José Luiz Gandini. Ele credita, no entanto, o mau resultado ao sistema de cotas estabelecido pelo programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores (Inovar-Auto), do governo federal, que restringe a 4.800 unidades ao ano a comercialização de veículos importados sem a sobretaxa de 30 pontos percentuais no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Fora dessas cotas, segundo ele, os produtos das marcas afiliadas perdem competitividade nos preços ao consumidor final.

"As vendas de importados vêm caindo há meses, na realidade há anos, desde 2012, quando foi instituída tarifação diferenciada aos veículos importados em 30 pontos percentuais no IPI", comentou Gandini. "A reversão desse quadro só vai ter início quando os 30 pontos percentuais no IPI caírem, como estão previstos para o dia 31 de dezembro de 2017. Aí sim, o setor de veículos importados poderá voltar a crescer", continua.

Na visão do presidente, a cota de 4.800 unidades/ano "nivelou por baixo" a venda das marcas. Gandini, que também é presidente da Kia Motors, deu o exemplo da fabricante, que teve uma média de 52 mil carros comercializados entre 2009 e 2011. "Vender carro importado, fora desse cota de 4.800 unidades/ano, perde-se totalmente a competitividade em relação aos próprios importados trazidos dentro da cota e frente aos nacionais. Infelizmente, fora da cota, estaremos pagando para vender carro importado."

A Abeifa pleiteia junto ao governo a liberação das cotas não utilizadas por outras marcas. Em nota, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) afirmou que "já há dispositivo legal para tratar do tema", uma vez que o Programa Inovar-Auto tem vigência até 31 de dezembro de 2017, e, automaticamente, os veículos terão redução de 30 p.p. no IPI a partir de 1º de janeiro de 2018. A FOLHA também entrou em contato com o Ministério da Fazenda, que informou que não iria se manifestar sobre o assunto.

Imagem ilustrativa da imagem Importadoras amargam queda de 47% em janeiro



2017
Para 2017, o presidente da Abeifa afirma que há planejamento de 2% de crescimento no mercado total de veículos e comerciais leves e deposita as esperanças do segmento na estabilização na economia. "A economia brasileira dá seus primeiros sinais de estabilização. Ou seja, deixou de cair. Isso é um bom sinal. O setor automotivo, em 2017, também deve interromper seu ciclo de queda. Crescimento real ainda deve ser aguardado, as medidas econômicas tomadas demoram um tempo para gerarem efeitos. Vamos sonhar com um 2018 melhor."

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Concessionárias sentem reflexos em Londrina

No primeiro mês do ano, a concessionária Chery em Londrina não comercializou novos - somente os seminovos seguraram as vendas da loja. Neste mês de fevereiro é que os consumidores começam a reagir, opina Marcelo Strauss, gerente de vendas. "Foi realmente horrível. Não vendemos nada. São os impostos que acabaram ficando caros, mas a tendência é dar uma melhorada. Pela crise que se pintou, a maioria das importadoras pisou no freio no ano passado, e estamos com poucas opções para venda." Ante dezembro do ano passado, Strauss estima uma queda de 70% nas vendas, e em relação a janeiro de 2016, um recuo de 50%.
"É reflexo da situação do País. As pessoas têm dinheiro mas não investem em um carro novo, ainda mais em um que não é de entrada, parte para um segmento mais premium", diz, por sua vez, Leonardo Luchina, gerente geral da Kia RBV. "Elas esperam um momento melhor para trocar." Luchina diz esperar que as vendas melhorem no segundo semestre. "Acredito que a economia vá melhorar."
Historicamente, janeiro é um mês ruim para as vendas de importados, observa ainda Éder Andrade, gerente de vendas da Volvo Open Point. Mas o Paraná tem o segundo maior market share de vendas da marca, afirma. "Se pegar o market share nacional, o Paraná é um dos estados que mais emplacam Volvo." Por isso, novembro e dezembro foram meses de vendas razoáveis, mas o movimento mesmo deve começar em março. "Ano passado foi difícil para todo mundo, mas mantivemos a tranquilidade." Vender os carros com larga margem de lucro não está fácil, diz o gerente, mas ainda é possível manter a liquidez e os negócios com saúde. Para 2017, a concessionária aguarda dois lançamentos, o que deverá impulsionar mais as vendas.

Agronegócio
A Euro Import BMW também tem boas perspectivas de vendas graças às previsões de safra. Everton Câmara, gerente de vendas, afirma que o mês de janeiro de 2017 representou crescimento. Mas março traz expectativas ainda melhores. "Para março está prevista uma colheita recorde no agronegócio no Paraná, principalmente na Região Norte. O Paraná tem tendência de crescimento e estamos olhando para o mercado com uma visão não eufórica, mas otimista." (M.F.C.)