O ano de 2016 tem imposto desafios crescentes ao setor produtivo brasileiro. A crise política instalada veio agravar a turbulência econômica, vigente já há algum tempo, e impôs uma nova agenda para a construção civil, que precisou alterar o ritmo de produção, identificando a apreensão dos consumidores.
Osmar Ceolin Alves, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Norte do Paraná (Sinduscon Norte-PR), diz que a diminuição no ritmo de obras veio acompanhada da redução nos quadros laborais das empresas, ambas reflexos do menor volume de vendas.
"A questão econômica já vem de algum tempo atrás, então, as empresas vêm se preparando, diminuindo seus quadros, diminuindo o ritmo de construção. Na nossa região, como a parte agroindustrial está bem, isso ameniza, até certo ponto, a crise. Mas o que está se agravando agora é o cenário político, que influencia diretamente", destaca.
Alves exemplifica este impacto direto da política no crescimento econômico com as oscilações da bolsa de valores e da cotação do dólar a cada nova notícia de impacto vinculada ao Governo Federal. Para ele, a retomada de fôlego do setor produtivo depende, totalmente, do fim da insegurança criada pelo cenário político. Antes disso, fica difícil fazer previsões.
"O ritmo de anos atrás era extraordinário, então, para atingi-lo leva um período mais longo, mas vamos chegar a um nível bom, a depender do panorama político. Depois, depende de políticas econômicas a serem adotadas", expõe. Mesmo diante da elevação dos preços da energia e outros insumos básicos regulados pelo governo, empresas sólidas e com planejamento a longo prazo conseguem ajustar seus calendários, completa.
Na Plaenge, há mais de um ano a rotina tem sido mais de entregas do que de lançamentos. Neste ano, três empreendimentos serão entregues, mantendo a pontualidade da finalização das obras. No entanto, mesmo com a solidez da empresa houve diminuição na velocidade de vendas.
"Antigamente tinha uma velocidade de venda maior, o cliente hoje tem a condição de compra, mas está prorrogando a decisão. A venda tem chegado mais próximo da entrega do empreendimento", relata Olavo Batista Júnior, gerente regional da empresa.
De acordo com ele, a insegurança também traz uma pressão por preços menores, embora Londrina viva uma situação mais cômoda por ter o agronegócio como carro chefe da economia. A tradição e a confiança da empresa junto aos consumidores também são armas contra a instabilidade, ressalta.
O diretor comercial da Vectra, Cléber Souza, acredita que o fato de ser um mercado planejado a longo prazo faz com que a construção civil sinta menos a crise. De acordo com ele, a construtora não tem deixado de lançar empreendimentos; só em 2015, foram cinco.
"Esse ano ainda não abrimos lançamentos em função das leis locais, com relação ao aeroporto. Mas iremos lançar sim", diz ele. Souza se refere à nova portaria da Aeronáutica que aumenta a área limitada a construções verticais para além do cone aéreo, atingindo grande parte da cidade.
Souza ressalta que as crises são cíclicas em um País e não devem frear o desenvolvimento. Para ele, esses momentos servem para depurar o mercado.
"Quem permanece: as empresas que têm mais qualidade, produtos e atendimento diferenciados e bem estruturadas. Hoje o mercado exige mais da gente, que se planeje melhor, atenda melhor, procure excelência", finaliza.