Obras frequentemente trazem gastos imprevistos e podem estourar o orçamento de quem não se preparou para eles. Eliminar intermediários e tomar a frente do processo pode ser uma boa forma de economizar e até de se divertir, mas saiba que isso exige dedicação.
O casal Priscila Rosa, 28, relações públicas, e Junior Zamuner, 27, designer gráfico, tinha vontade de sobra para erguer a casa própria e sair do aluguel, por isso, cortou gastos desde o início. Começaram com o desenho da planta, feito pelo próprio Zamuner. Coube ao engenheiro apenas a adaptação técnica. Durante a obra, o pai do designer, aposentado, esteve fixo para atender os pedreiros, gerando mais uma economia; no entanto, na hora da pintura, o dinheiro tinha acabado.
"A pergunta que fizemos foi: vamos mudar daqui a três ou quatro meses ou vamos fazer nós mesmos?", relembra Zamuner. A resposta foi aderir ao "faça você mesmo". A construção da casa levou um ano e o casal dedicou cerca de cinco dias à pintura interna antes de estrear o lar, doce lar. Com isso, economizaram cerca de R$ 2 mil.
Ao decidir encarar o desafio, eles sabiam exatamente o que queriam, porém, o caminho era desconhecido. "Queríamos uma tinta lavável, para poder limpar internamente, mas não tínhamos conhecimento de material", relembra o designer. O casal contou com a ajuda de conhecidos que já tinham construído e de bons vendedores, que esclareceram dúvidas e indicaram materiais corretos.
A casa de 79 m2 tem o teto pintado de branco neve, as paredes em branco gelo e outras duas azuis. A escolha das cores também levou tempo e demandou várias projeções por parte do designer. "Até um cinza tem 50 tons. A gente tirava foto e ia montando", relembra a relações públicas.
O trabalho intenso e a dedicação nas horas de possível descanso também proporcionaram muita diversão ao casal. "Acho que o que diferencia o que a gente pintou do que um pintor faz é o carinho. Talvez o trabalho dele ficasse mais bem-feito, mas a gente tomava cuidado em cada detalhezinho; é nosso, então a energia é diferente", comenta.
"A gente tem orgulho no sentido de ter a nossa cara. Como pegamos desde o começo, até agora que estamos decorando, desenhando papel de parede, então tem o nosso jeito mesmo", acrescenta Zamuner.
Priscila diz que, mesmo com o bom resultado, alguns "defeitinhos" aparecem para os olhos perfeccionistas do casal. De acordo com João Batista de Oliveira, vendedor da Tintas Darka, isso é normal quando se usa tinta acetinada, que é lavável e de alta resistência.
"Na aplicação, dependendo da cor, precisa entre três a quatro demãos de tinta para cobrir. Normalmente quem aplica acetinado passa um látex na mesma cor antes, para evitar tantas demãos assim. Ela sempre vai ficar com imperfeição", alerta.
Segundo Oliveira, tintas foscas, ao contrário, revelam pouco os defeitos da parede, sendo de mais fácil aplicação. Na avaliação dele, tocar uma pintura por conta própria em uma casa nova traz bem menos desafios que em outra pronta, já pintada.
Já Wanderley Ferrare, colaborador da Casa das Tintas, alerta para as dificuldades que podem surgir de uma pintura não profissional. Ele classifica uma repintura com acabamento fosco como fácil, porém, quando envolve tintas acetinadas ou semibrilho a tarefa começa a se complicar.
"Se não souber aplicar, pode manchar. Acabamento semibrilho exige preparação melhor da parede. Se for passar massa corrida é melhor contratar um profissional", defende. Ferrare alerta para o fato de que a correção posterior, em caso de mancha da parede, acaba saindo mais cara.

Imagem ilustrativa da imagem Tons de personalidade
| Foto: Anderson Coelho
Priscila Rosa e Junior Zamuner economizaram R$ 2 mil pintando o interior da casa: "A gente tem orgulho no sentido de ter a nossa cara"