Imagine uma região rica em nascentes e rios, onde a poluição industrial e residencial é retida na fonte, as águas são mantidas cristalinas e podem ser aproveitadas pela população nas horas de lazer.
O resgate desse belo cenário natural é o objetivo do projeto Acquametropole, idealizado pelo assessor de recursos hídricos da secretaria municipal de Meio Ambiente, João Batista de Souza - o João das Águas -, pelo assessor técnico da Coordenadoria da Região Metropolitana de Londrina, Luis Figueira de Melo, pela promotora de Defesa do Meio Ambiente, Solange Vicentin, e que conta com apoio das ONGs Patrulha das Águas e Meio Ambiente Equilibrado (MAE).
A valorização dos ecossistemas formados pelos rios - que nascem nos municípios de Arapongas e Apucarana, cortam a área urbana de Londrina e desaguam no rio Tibagi - será feita por meio da sub-divisão das microbacias regionais em unidades estratégicas de planejamento e fiscalização.
Na prática, o projeto prevê uma série de ações simultâneas: conservação das nascentes; combate à contaminação por resíduos industriais; redução da poluição gerada pelos detritos que chegam aos rios por meio dos bueiros e galerias pluviais (poluição difusa); aumento das áreas verdes para facilitar a infiltração da água da chuva e reabastecer os lençóis freáticos; destinação correta do lixo e valorização das áreas de lazer e turismo.
''Tudo começou anos atrás, com a idéia do Pró-Igapó, que pretendia recuperar nosso principal rio urbano. Depois, com o projeto Arco Norte, que prevê a integração de Londrina e municípios vizinhos, criamos o Acquametropole, para implantar uma gestão ambiental de forma compartilhada'', explicou João das Águas.
''Temos de criar planos de gestão para cada bacia, porque a conservação das águas não se baseia no limite territorial das cidades, mas nas bacias hidrográficas. Todo lixo, sujeira e contaminante gerados numa bacia fatalmente chegarão aos seus rios.''
Para o assessor técnico da região metropolitana, Luis Figueira de Melo, a água é um ''termômetro da cultura ambiental da população''. ''Quando as águas estão limpas, é reflexo de boas práticas ambientais. Quando estão sujas e degradadas, refletem o mau funcionamento das cidades''.
O ribeirão 3 Bocas, que nasce em Arapongas, é um exemplo de degradação que percorre toda a região. Desde a sua nascente, transformada em lixão pela indústria moveleira local, as águas sofrem um forte processo de contaminação, que atravessa Londrina e é transportado até o rio Tibagi.
''Temos de planejar o desenvolvimento de forma sustentável e valorizar nossos principais ativos, que são os recursos naturais. Se olharmos as cidades a partir das águas, teremos mais áreas de lazer, turismo e qualidade de vida. Com certeza, isso vai impulsionar o crescimento de toda a região'', acredita Figueira. ''O norte do Paraná tem uma posição privilegiada em relação a outras metrópoles, mas nossos diferenciais ambientais estão desarticulados''.
A promotora Solange Vicentin destacou que o sucesso do projeto, concebido de forma multi-institucional, depende do envolvimento simultâneo da população e do poder público. De acordo com ela, muitas pessoas ignoram atitudes corriqueiras do dia-a-dia que colaboram com a contaminação dos rios.
''Precisamos de uma mudança cultural. A população tem de saber que todos fazem parte dessa cadeia de degradação, inclusive a dona de casa que lava a calçada e deixa o sabão escorrer pelo bueiro e atingir os rios'', explicou.

Serviço
O projeto Acquametropole será lançado oficialmente no próximo dia 29, às 19h30, no Teatro Filadélfia. As atividades vão começar pela micro-bacia do Córrego Água Fresca, no centro de Londrina, que servirá como piloto (leia mais na coluna Seu Ambiente, Nosso Ambiente, do próximo domingo).