Imagem ilustrativa da imagem Segurança nas operações do aeroporto
A continuidade da atual verticalização da cidade, sem as novas regras, iria oferecer riscos às operações no terminal



O chefe da sessão de planejamento de aeródromos do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), subordinada ao Ministério da Defesa e ao Comando da Aeronáutica, capitão Edwilson Sena dos Santos, explica que a portaria nº 957/GC3 tem o objetivo de estabelecer uma área livre de obstáculos em torno dos aeródromos para que as aeronaves, em situações de contingência, tenham condições de trafegar de forma segura.
"Não é que hoje seja inseguro. Nas operações normais, as aeronaves conseguem pousar e decolar, pois existem procedimentos e instrumentos que levam em consideração o cenário atual de prédios e antenas", assegura. Porém, é preciso frear a implantação de torres no entorno dos terminais, caso contrário, as áreas livres para manobra das aeronaves ficarão cada vez mais reduzidas. Com isso, as operações nos aeroportos, segundo ele, vão ficar muito restritas ou podem ter que ser até paralisadas.
O arquiteto e professor da área de infraestrutura aeroportuária no curso de especialização em Ciências da Aeronáutica na Unopar, André Silvestri, lembra que a portaria adequou as operações às normas internacionais vigentes – antes, Londrina seguia uma portaria específica. Na opinião de Silvestri, por trás dessa atualização pode estar a intenção de adequar todos os terminais brasileiros para possíveis privatizações no futuro.
Ao mesmo tempo, o arquiteto garante que se a verticalização continuasse, iria oferecer riscos às operações no terminal. "É preciso criar um nível de segurança de voo e aproximação. Quando o avião vai pousar no sentido (rio) Tibagi-centro, se precisar arremeter, tem de fazer a curva em cima dos prédios. E muitos prédios altos comprometem a segurança", exemplifica.
Na avaliação de Silvestri, que é também arquiteto e doutor em Gestão de Projetos Arquitetônicos em Aeroportos pela Universidade de São Paulo (USP), o Aeroporto Governador José Richa, projetado por ele, já deveria ter sido transferido para outro local há muito tempo. "Falo isso desde 2008. Nosso aeroporto está muito próximo da cidade, por isso a segurança vai impactar cada vez mais", justifica.
Ele lembra que, na época da construção, os aviões eram menores e Londrina também. Hoje, o aeroporto está impedindo a verticalização e expansão da cidade para a zona oeste. O ideal é que um novo terminal seja construído a uma distância de pelo menos 20 quilômetros do centro da cidade.
"Tirar o aeroporto do centro vai aumentar a sensação de segurança e a área livre para pousos e decolagens, além de diminuir os ruídos. Tende só a melhorar", argumenta. "A pista do aeroporto poderia ser ligada à Avenida Santos Dumont e viraria uma ‘segunda Ayrton Senna’, com prédios dos dois lados", sugere. (A.S.)