Outra tendência em alta na CWB TV é o colunismo social eletrônico. Há pelo menos cinco atrações do gênero na grade, que seguem à risca a receita básica: cobertura de festas, inaugurações, eventos beneficentes e, em certos casos, lançamentos de produtos. E é aí que mora a polêmica.
A norma 13/7 da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) proíbe a publicidade comercial em canais comunitários, porém permite o patrocínio da programação. O problema é que não há uma descrição do que seja patrocínio.
Já o estatuto de algumas tevês, como a de Curitiba, prevê a busca de recursos por meio do sistema de ''apoios culturais''. Por apoio cultural, entende-se a veiculação de mensagens institucionais de empresas - somente a menção à marca, sem informar endereço, site ou telefone de contato. Alguns programas, no entanto, exageram na dose e apresentam conteúdos escancaradamente pagos.
Para o secretário da tevê, Jorge Bernardi, esta é uma ''questão séria''. ''É importante fiscalizar esse tipo de distorção. Infelizmente, ainda não temos um conselho que analise esses aspectos'', diz. Seja como for, uma regra é obedecida por todos os associados: ofertas e preços não são divulgados. O resto vale, como diria Tim Maia.
O fato é que grandes empresas podem se dar ao luxo de patrocinar um programa veiculando apenas sua logomarca durante os intervalos. Os canais comunitários, no entanto, contam com o apoio dos pequenos e médios comerciantes locais, que desejam uma divulgação mais detalhada. Esta questão tem sido o principal assunto das reuniões entre a ABCCom (Associação Brasileira de Canais Comunitários) e a Anatel, que deve apresentar em breve uma nova definição para as formas de patrocínio.
Outro motivo de apreensão por parte da ABCCom é o Projeto de Lei 29, do deputado federal Jorge Bittar (PT-RJ), que estipula as regras para os serviços de televisão por assinatura na era digital. Além de permitir o ingresso das empresas de telefonia nesse mercado, a matéria sugere que parte do que é pago pelas companhias do setor seja transformado em um fundo de apoio às tevês comunitárias e universitárias. As verbas de fomento seriam distribuídas entre produtores independentes mediante a aprovação da Ancine (Agência Nacional do Cinema), órgão regulador da indústria audiovisual no País.
Cansados de produzir com poucos recursos, os representantes dos canais festejam a proposta. Mas, sendo o Brasil como é, não será surpresa se os peixes grandes do audiovisual entrarem no nicho comunitário, atraídos pelo dinheiro do fundo de apoio. Que os pequenos fiquem de olhos bem abertos. (O.G.)