Crianças que têm a família mais próxima da escola possuem desempenho e rendimento superiores, apontam estudos
Crianças que têm a família mais próxima da escola possuem desempenho e rendimento superiores, apontam estudos | Foto: Andréia Sudo/Divulgação



Pai de dois meninos, de 6 e 3 anos, o servidor federal Adilson Muneo Kemotsu não se limita apenas a pagar a mensalidade da escola dos filhos. Ele, literalmente, põe a mão na massa e participa de perto da vida escolar dos pequenos. As crianças estudam no IEIJ (Instituto de Educação Infantil e Juvenil), que possui uma cooperativa de pais e permite que os interessados participem ativamente das estratégias e processos de decisão da escola. Atualmente, Kemotsu é o vice-presidente da cooperativa.

Ele conta que começou a participar da vida escolar dos filhos ajudando na organização dos eventos da instituição. Como demonstrou interesse e disponibilidade, foi convidado para fazer parte da direção. "Já estive em várias comissões", afirma. Como o instituto é uma entidade sem fins lucrativos, os pais dos alunos ocupam diferentes funções da diretoria executiva e cuidam do financeiro, gestão e marketing da escola. Já os professores ficam responsáveis pela orientação pedagógica e educacional.

Ao invés de assinar um contrato, os pais associam-se à escola. E isso acaba sendo um incentivo para uma participação mais ativa na educação das crianças. "Os meus filhos ficam orgulhosos de ver o meu envolvimento na escola. A gente cria um vínculo muito maior do que quando apenas os deixamos no portão e os buscamos no fim do dia", garante. Além disso, Kemotsu cita outras vantagens dessa aproximação, como a oportunidade de conferir de perto a metodologia de ensino e a avaliação feita com os estudantes.

Segundo ele, a cooperativa de pais reúne-se uma vez por semana para discutir uma pauta com diversos assuntos de interesse da escola. Quando há alguma situação emergencial, o grupo realiza uma reunião extraordinária. Cada pai fica responsável por uma função e possui autonomia para administrar. "É muito gratificante, porque sei que o tempo e a energia gastos são dedicados para melhorar a escola e a educação dos meus filhos", afirma. Para ele, esse engajamento contribuir para a formação de valores nas crianças.

O diretor-geral do IEIJ, Marcio Hideo Ara Bueno, lembra que, hoje, está muito mais difícil educar os filhos do que anos atrás. A quantidade de interferências é muito grande e estas não se limitam apenas às novas tecnologias, mas também à sobrecarga de trabalho dos pais. "Alguns querem que a escola dê conta de tudo, não importa o custo", lamenta. Os mesmos, porém, não se envolvem nos assuntos da instituição. Também há casos de pais que desaprovam ou desautorizam procedimentos da escola.

Por isso, Bueno reforça a importância da participação ativa dos pais na vida escolar dos filhos. "Ajuda a criança a ter clareza de que a família participa do processo e não o desautoriza", esclarece. O sistema cooperativo do instituto contribui para uma relação mais próxima entre pais, alunos e professores. Na avaliação do diretor, para criar uma relação de confiança com a instituição de ensino é necessário doar tempo para a educação dos filhos.

PROTAGONISTAS DA EDUCAÇÃO
A coordenadora pedagógica do Centro de Educação Infantil Navegantes, Alessandra Nascimento Peres, especializada em Gestão Escolar e Orientação Familiar, lembra que os pais são os protagonistas da educação dos filhos. Afinal, a família é o primeiro núcleo social de referência para o desenvolvimento da criança. "É pela família que ela vai conhecer o certo e o errado", afirma. Ela completa ainda que os princípios inerentes à pessoa humana precisam ser entendidos, trabalhados e vivenciados em primeiro lugar em casa.

É por isso que os pais devem dedicar atenção especial na escolha da escola. A recomendação é que optem pela instituição que responda àquilo que acreditam que seja o melhor para a educação dos seus filhos. "É na educação infantil que se fundamentam as bases para o desenvolvimento físico, cognitivo e psicológico da criança. Por isso, família e escola têm que estar muito alinhadas. Não pode haver discrepância entre o que a criança vê na escola e o que vivencia na família, senão, ela perde a referência", explica Peres.

Ela aponta que pesquisas já comprovaram os benefícios da participação dos pais na vida escolar dos filhos. As crianças que têm a família mais próxima da escola possuem um desempenho e rendimento superiores. O incentivo e a demonstração de interesse são fundamentais porque as crianças dão importância àquilo que os pais valorizam. É essencial que a família se faça presente nas formações e eventos da escola, conheça a coordenação, direção e professores, doe parte do tempo que possui para contribuir com a instituição e a educação dos filhos.