Conciliar a aptidão natural a técnicas mais profissionais na cozinha foi o objetivo de Vera Cripa Vicentini, de 64 anos, ao buscar graduação e pós-graduação na área de gastronomia. "De repente você se vê com uma certa idade, com filhos crescidos e busca uma atividade. Eu pensei: sei cozinhar mas não sei muitas técnicas", relembra.
O que poderia ser somente uma oportunidade de ocupar o tempo acabou transformando a maneira como a aposentada entende o ato de cozinhar.
"É diferente de ser simplesmente uma cozinheira, porque você usa tudo aquilo que aprendeu de uma forma mais correta, vê com outros olhos o prato, conhece melhor os ingredientes, a mistura, o que pode ou não. É uma outra visão", resume.
A cozinha sempre esteve presente na vida de Vera, que já teve panificadora e confeitaria. Graduada pela Unifil, ela ganhou bolsa para a primeira turma da especialização em Alta Gastronomia, hoje transformada em Gastronomia Internacional e Contemporânea. Agora, mantém um ateliê de quitutes em Londrina.
Vera compõe um dos muitos perfis de profissionais que procuram especialização nesta área. A visibilidade dada ao setor pelas mídias e uma certa glamourização da carreira acabam por atrair e profissionalizar a atividade.
"Quando o curso começou nós tínhamos pessoas que faziam muito mais por hobby do que como profissão; hoje, o público mudou", explica uma das coordenadoras da pós-graduação da Unifil, Cláudia de Oliveira. A pós tem recebido desde os estudantes oriundos da graduação até profissionais já inseridos no mercado, como donos de estabelecimentos alimentícios.
Desde 2009, o curso passou por vários ajustes para atender a demanda do mercado local, como as aulas às segundas-feiras e as alterações na grade curricular.
"Percebemos a necessidade de trabalhar com uma cozinha mais focada na nossa região e realidade. A alta gastronomia está, ainda, mais voltada para as grandes capitais", diz Cláudia. "Mas os alunos conseguem ter os dois lados, desde a gastronomia do dia a dia até a base dessa alta gastronomia, que não foi descartada", destaca Joelson Feliciano, também coordenador do curso.
Cláudia mostra as inúmeras possibilidades de atuação dos profissionais de gastronomia, dentre elas, a cozinha, onde poderá atuar como chef, eventos, administração de restaurante, atendimento personalizado em casa, empórios gastronômicos, lojas de utensílio, restaurantes industriais, e até mesmo hospitais. "É uma área muito ampla, muito mais do que se imagina", declara.

PRÁTICA
Os coordenadores ressaltam como grandes diferenciais do curso a carga horária prática, que chega a 60% da especialização; o corpo docente, que conta com convidados especialistas em suas áreas; e o fornecimento de todo o material e ingredientes consumidos durante a aula. Cláudia acredita que o curso tem ajudado, inclusive, a mudar a realidade de mercado local.
"A gente percebe como os fornecedores ampliaram o número de mercadorias e de ingredientes. Eu passei aqui dois anos sem conseguir um ingrediente que hoje a gente consegue com facilidade, porque os próprios alunos vão consumindo e vão ensinando outras pessoas", ressalta.

Valor ao conhecimento teórico Carolina Rocha Barbosa, de 30 anos, vive no meio gastronômico desde criança, quando já se aventurava na cozinha de casa. Mais velha, passou a ajudar no restaurante da mãe e assumiu a gastronomia como carreira, embora tenha se graduado em jornalismo. Formou-se chef em um curso no Rio Grande do Sul e, atualmente, se dedica à confeitaria e atua como instrutora no Senac. Também está prestes a concluir a especialização em Gastronomia Internacional e Contemporânea. Diante de tanta experiência, ela explica em que aspectos a pós-graduação somou à sua carreira.
"Professores de fora me agregaram muito, trazendo uma vivência de culinária do exterior, que eu não tenho ainda; a parte de gastronomia molecular, que eu não tinha entrado em contato antes; técnicas mais aprofundadas de confeitaria e contato com outros profissionais da área, que agregou muito", destaca. Focada na produção de doces para casamentos, Carolina agora pensa em se aprofundar na área acadêmica também como docente. (C.F.)

Uma melhor nutrição A Unifil também oferece o curso de especialização em Gestão de Unidades de Alimentação, voltado para profissionais de nutrição, gastrólogos e áreas afins. A coordenadora, Carla Pires, diz que o curso surgiu com o objetivo de capacitar nutricionistas a melhorarem a apresentação na alimentação sem perder o foco da alimentação saudável. Para isso, trabalha com o ensino sobre a utilização de produtos e temperos.
"Apesar de termos que nos alimentar de maneira saudável, temos que ter sabor e as refeições serem atrativas, tirar um pouco aquela cara de ‘dieta’, além de aprimorar a culinária para quem trabalha com restaurantes, ou com alimentação coletiva de modo geral", explica. Os pós-graduados saem capacitados para atuar em quaisquer ambientes de produção de alimentos, até mesmo indústrias alimentícias.(C.F.)


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Vera Vicentini iniciou a graduação aos 58 anos e em seguida fez pós na área: "É diferente de ser simplesmente cozinheira"
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A chef Carolina Rocha foca na produção de doces para casamentos, mas planeja se aprofundar no conhecimento acadêmico para atuar como docente