Luiz Fernando Gonçalves Silva não vê a hora de pagar mais impostos: "Estamos quase mudando de faixa"
Luiz Fernando Gonçalves Silva não vê a hora de pagar mais impostos: "Estamos quase mudando de faixa" | Foto: Gustavo Carneiro



Independentemente da conjuntura político-econômica,eles seguiram em frente e estão fazendo acontecer a cada novo dia de trabalho intenso. Esse é o elo que liga cinco empreendedores ouvidos pela FOLHA e que, ao invés de ancorarem as próprias vidas e seus negócios à crise, decidiram investir e expandir em um cenário completamente adverso do lado de fora.

Se o cliente não vem até ele, o MEI Luiz Fernando Gonçalves Silva, 24 anos, vai até o cliente oferecendo o item certo para cada necessidade. Esse foi o trunfo que o jovem utilizou para fazer dar certo o plano de ter o próprio negócio, mesmo no epicentro da crise. Confiante no sucesso, um ano depois do início da atividade, em meados de 2016, ele pediu demissão do emprego com carteira assinada para se dedicar integralmente à expansão da empresa.

E conta que usou da velha prática de bater de porta em porta de empresas do setor moveleiro da região Norte e do Estado de São Paulo em busca de clientes. "Quem quer vender, não pode ficar esperando atrás do balcão", aconselha.

O empreendedor diz que sempre quis ter um negócio próprio. A vontade transformou-se em realidade quando conheceu o "amigão" Marcelo, na empresa que trabalhou de 2010 a 2014. "Lá, tive a oportunidade de passar por todos os setores. Só faltou vendas, no qual o Marcelo atuava há 17 anos. Ele é tão bom nisso que costumo dizer que vende gelo para esquimó", elogia. Os dois se juntaram para abrir a empresa. A sociedade foi desfeita porque Marcelo precisou se mudar para o município de Cantagalo para acompanhar a esposa que havia passado em um concurso público.

Além desse passo corajoso frente ao cenário de incertezas na economia, ele decidiu investir em um endereço no centro de Ibiporã, com estacionamento, para receber a clientela que prefere ir à loja. "Temos corrediças, parafusos, tinner, etc. Tudo que é demandado."

Entusiasmado com os rumos da MDL, que já atende 15 cidades entre Paraná e São Paulo, o microempreendedor revela "que não vê a hora de pagar mais imposto para o governo, por ser indicador de crescimento". "Estamos quase mudando de faixa. Eu e minha esposa (Daniele), que é uma craque contábil, estamos preparando essa virada de MEI para uma nova faixa de tributação e, depois, passaremos a contratar funcionários", avisa.

Bruno Guida Coutinho: "Claro que senti receio de deixar um emprego de oito anos para me dedicar ao negócio, mas foi inevitável"
Bruno Guida Coutinho: "Claro que senti receio de deixar um emprego de oito anos para me dedicar ao negócio, mas foi inevitável"



OBSTINADOS
Uma combinação de talento, capacitação e obstinação por inovar. Esses são os pilares da Abra Inova, que, como o microempresário Bruno Guida Coutinho ressalta, leva no nome o verbo abrir no imperativo justamente por ter a inovação como palavra de ordem. A microempresa de Cambé, que fabrica e personaliza abridores de garrafas e acessórios de alumínio, chegou ao mercado produzindo um objeto inovador, devidamente patenteado por Bruno e seu ex-sócio Lucas Speisla. "Cursamos desenho industrial e desde a faculdade perseguíamos o sonho de trazer algo novo para o mercado. Essa ideia surgiu quando fui presenteado com um modelo de abridor diferente trazido da Alemanha pelo meu ex-patrão e grande apoiador do projeto", conta.

A habilidade de Bruno em extrusão de alumínio e o talento de Lucas em design de produtos resultaram no modelo Tsss de abridor de garrafa fixo. "Nunca investi nada. Quando chegamos ao modelo do que queríamos produzir não tínhamos um centavo para investir, mas meu patrão ficou tão encantado que financiou as ferramentas e o molde para a produção do primeiro lote."

Até hoje, todo o crescimento da empresa é financiado pelo lucro gerado por ela desde 2013. "Claro que senti receio de deixar um emprego de oito anos para me dedicar ao negócio, mas foi inevitável, pois exige dedicação integral", comenta.