Em terras brasileiras, Takashi Morita, a sua esposa, Ayako, e os dois filhos, lutaram para sobreviver. No coração, o desejo de ajudar vítimas da bomba que estavam no Brasil. Muitos sofrem até hoje por conta dos efeitos da radiação. O próprio Morita enfrentou uma leucemia.
  A associação nasceu com 27 pessoas. Hoje, são 130 associados. Ninguém paga mensalidade. Os Morita mantém a entidade com o dinheiro que vem do mercado de produtos japoneses pertencente à família.
  O primeiro passo foi pedir socorro ao governo japonês. ‘‘Fomos para Tóquio. O governo falou que não podia nos ajudar porque estávamos fora do Japão. Mas eu também sou japonês. Insistimos.’’
  A primeira vitória foi conseguir que, desde 1985, a cada dois anos, médicos japoneses fossem enviados ao Brasil para atender às vítimas. Porém, os diplomas dos profissionais vindos do Japão não tinham reconhecimento no Brasil.
  ‘‘Não é justo ajudar só quem mora no Japão’’, ressalta Yasuko, filha de Takashi. Ela explica que foi uma tremenda dificuldade convencer o grupo de vítimas a entrar com um processo judicial contra o governo japonês. ‘‘Imagine, um japonês processar o Japão. Houve muita resistência. Para eles, era algo muito doloroso. Tivemos que explicar que não se tratava de processar a pátria, mas quem estava administrando mal a pátria’’, conta.
  Com a ajuda de um grupo de voluntários japoneses, a associação foi à luta e deu entrada no processo em 2002. Em 2007, aconteceu o julgamento pelo Supremo Tribunal do Japão: vitória da associação. A justiça japonesa concluiu que discriminar as vítimas da bomba que estavam fora do país é ilegal e desumano. Atualmente, eles recebem uma ajuda de custo de R$ 500,00 por mês para tratamento de saúde. (W.S.)