Diferente do que costumava acontecer com as demais etnias que chegaram ao Paraná nas primeiras levas de imigrantes há pouco mais de um século, as colônias japonesas não se caracterizaram por uma demarcação territorial. O elo era a referência nativa. Isto é, os primeiros grupos de japoneses a se fixarem no Estado atraíram os que vieram em seguida, formando o que a pesquisadora Sidinalva Maria Wawzyniak chamou de ‘‘colônias imaginárias’’.
  A terminologia está na tese de doutorado ‘‘Histórias de estrangeiro: passos e traços de imigrantes japoneses (1908-1970)’’, apresentada por Sindinalva na Universidade Federal do Paraná. A pesquisa será publicada no próximo mês pela editora da Universidade Tuiuti do Paraná.
  No caso do Norte do Estado, os primeiros japoneses que se fixaram como pequenos proprietários de terra vieram incentivados pelo governo do Japão, por meio da companhia japonesa Yugen Sekinin Buraziru Tokosyoku Kumiai - Bratac, que iniciou suas atividades em 1928 no estado de São Paulo. A empresa comprava os lotes de terra e os financiava para os imigrantes. Em 1931, começaram a chegar os primeiros imigrantes nas áreas destinadas ao cultivo do algodão, na Fazenda Três Barras (depois Assaí).
  O incentivo foi intensificado na década de 40, no período pós Segunda Guerra Mundial, porque não interessava ao governo japonês ter de volta mais gente em seu território devido à escassez de recursos. ‘‘Ela (a Bratac) teve um papel fundamental na permanência dos imigrantes’’,
avalia Sidinalva.
  A estrutura consolidada nesse processo deu origem às cidades de Assaí e Uraí, que depois serviram como referência para os grupos de japoneses que se instalaram na região entre Londrina e Maringá. ‘‘O japonês só vai onde já estão seus patrícios. No entanto, a colônia japonesa vai ter mais mobilidade espacial. Não são como os italianos que tinham a colônia demarcada fisicamente’’, explica a pesquisadora.
  Entre as décadas de 30 e 40, entre Londrina e Maringá, foram fundadas cerca de 50 colônias no meio da mata. A área foi denominada de ‘‘Colônia Internacional’’ ou ‘‘Kokusai Shokuminchi’’, pelo agenciador da Companhia de Terras Norte do Paraná, Hikoma Udihara.
  A primeira colônia, chamada Seção Número Um’’ (ou Daí-Ikku Shokuminchi), foi instalada
em 1931 numa áreas onde hoje se encontram o Aeroporto, o Parque Arthur Thomas, a Avenida Dez de Dezembro, a Acel e a Praça Nishinomiya. Os japoneses foram os primeiros compradores de lotes rurais. Eles vinham do Oeste do Estado de São Paulo atraídos
pela propaganda dos investidores ingleses.

Dezembro de 1929: os japoneses foram os primeiros compradores de lotes da Companhia de Terras Norte do Paraná; eles vinham em caravanas do Oeste do Estado de São Paulo atraídos pela propaganda dos investidores ingleses