Se existe uma cultura que o produtor paranaense sabe cultivar, sem dúvida, é a soja. Os números de produção – que em condições normais crescem ano após ano – são prova de que o sojicultor do Estado está no caminho certo. Para a safra 2014/15, a expectativa é que o volume produzido da oleaginosa atinja 16,87 milhões de toneladas, alta de 16% frente aos 14,59 milhões do ano passado.
O pesquisador da área de transferência de tecnologia da Embrapa Soja, Amélio Dall'Agnol, explica que se for analisado o conjunto dos estados brasileiros, o sojicultor paranaense – juntamente aos produtores do Mato Grosso – são os que utilizam mais tecnologia, sendo que a grande diferença está na área de plantio, já que no Paraná se concentra em pequenas e médias propriedades. "Os paranaenses utilizam uma tecnologia, digamos, de bom tamanho. Aqueles que não conseguiram fazer isso saíram da atividade. Muitos abandonaram o campo pela incapacidade de acompanhar a produtividade daqueles de melhor performance. De forma geral, os sojicultores do Estado tem um bom nível de vida no campo."
Dall'Agnol relata que um bom manejo independe do tamanho da propriedade. Isso implica num plantio direto adequado, rotação de culturas para aumentar a massa de palhada e, consequentemente, aumento do índice de matéria orgânica, além da integração entre lavoura e pecuária ou com pastagens. "Esse trabalho dos produtores facilita o desenvolvimento do sistema radicular das plantas. Atualmente, é o principal fator para obtenção de altos rendimentos no campo."
Para os próximos anos, o pesquisador não acredita num aumento substancial de produtividade da oleaginosa no Paraná. Ele cita o exemplo dos Estados Unidos, que estão há anos com um rendimento médio de três toneladas por hectare. "É claro que os sojicultores que produzem num sistema de plantio direto bem feito, com rotação de culturas, têm tudo para melhorar a produtividade. Temos que avançar sem depender da genética, como aconteceu com o milho, mas sim pelo manejo adequado do solo, que eu considero a alma do campo. Acredito que podemos chegar a uma média de quatro toneladas por hectare daqueles produtores de altíssimo nível ao longo dos próximos anos e sem muito esforço", complementa.
Apesar do bom trabalho, Dall'Agnol ressalta que o produtor paranaense precisa melhorar em alguns pontos. Ele cita o manejo bem feito do plantio direto, atenção às necessidades reais do solo e utilização de sementes de boa qualidade, com alto vigor e poder germinativo. "Vale lembrar também que em anos mais críticos, o produtor faz uma análise melhor do que está acontecendo em sua propriedade. Em tempos de vacas gordas, eles exageram em tudo: aplicação de agrotóxicos, quantidade de fertilizantes, não fazem análise de solo e sim aquelas adubações gerais, sem de fato entender o que o solo precisa. Isso, sem dúvida, precisa ser aperfeiçoado. De modo geral, o sojicultor paranaense é de bom nível tecnológico e caminha para um futuro interessante pela frente."