Faça você mesmo

Famoso nos Estados Unidos, o conceito "Do It Yourself", ou "Faça você mesmo", vem ganhando cada vez mais espaço entre os brasileiros. E se a palavra do momento é crise, a política da economia se alinha bem com esse tipo de atividade, em que a pessoa busca fabricar ou reparar algo por conta própria, sem se preocupar em pagar para um profissional especializado.
Com o crescimento desse público, uma loja de materiais de construção de Londrina, se destaca oferecendo pequenos cursos a clientes e comunidade em geral. Por mês, a Leroy Merlin ministra até quatro tipos de treinamentos. "Escolhemos os cursos pela aplicabilidade e quando temos alguns itens que são exclusivos. Nossa demanda tem aumentado, porque o cliente gosta de comprar para ele fazer", explica João Barauna, gerente comercial.
Adepta ao "Faça você mesmo", a pedagoga Aparecida Meire Alves Saviani se interessou em participar de cursos após buscar ajuda em um desses treinamentos para consertar uma rachadura na parede de sua sala. Desde então, não parou mais. Agora, ela está promovendo uma reforma geral em um dos banheiros da casa. Para o serviço ela conseguiu até uma ajuda extra. "Coloquei toda a família para trabalhar. É cansativo, mas estamos fazendo aos poucos. Já trocamos todo o azulejo do banheiro aproveitando o que aprendemos nos cursos", relata.
Com tudo o que já conseguiu realizar, Aparecida já perdeu as contas do quanto economizou fazendo sozinha suas reformas. "Ajuda muito financeiramente. Se você faz o orçamento e paga para alguém consertar sempre sai mais caro. Então, ao invés de pagar, gasto no material", afirma. Entre os cursos que já fez estão o de bricolagem, pintura, reparo e aplicação de pastilhas.
Famoso entre os familiares e amigos por suas habilidades, o cobrador de ônibus Elton Rodrigues Silva também investe no "Faça você mesmo". Casado, ele guarda com carinho os móveis que produziu sozinho para a mobília da casa, chegando a montar até para a família. "A mesa da cozinha, o sofá, a mesa de centro, o armário foram feitos por mim. Também fiz o armário da cozinha da minha tia. Estou sempre ajudando a família quando precisam", orgulha-se.
Com a paixão pela marcenaria despertada desde pequeno, Silva tem diversas ferramentas e máquinas que foi adquirindo conforme ia precisando. Ele conta tudo o que aprendeu deve-se a um curso de marceneiro e vídeos no YouTube. Além de peças do mobiliário, ele também se arrisca com instalação elétrica. Atualmente está reformando a garagem da residência onde mora. "Estou economizando bastante fazendo sozinho. Porque se fosse para pagar alguém ia sair mais de R$1 mil, sem contar o material", exemplifica.
Para a arquiteta Louisa Savignon, do escritório UABI, a popularização de vídeos na internet potencializou a busca por consertar ou produzir por conta própria. Segundo ela, mais importante do que economizar é a pessoa poder dar seu toque particular no que faz. "Tem gente que gosta, o que é muito bom. A pessoa pode dar a sua cara, o seu toque à casa ou apartamento, assim vai criando aquele ambiente que é dela. Quem gosta de morar bem tem que buscar isso", aconselha.