Em 1977, a empresa japonesa Furukawa inaugurava na Cidade Industrial de Curitiba, a única unidade industrial das Américas. Eram tempos de crescimento econômico no Brasil. ‘‘A capital paranaense era o lugar certo para implantar a fábrica de cabos de telecomunicação porque havia mão-de-obra de qualidade; proximidade com o Cone Sul, que apesar de não existir o bloco naquele ano, já visualizava-se o comércio com aqueles países e a forte presença de japoneses na cidade. Isso foi fundamental porque a identidade cultural e os padrões de comportamento poderam ser conservados e deixou a empresa mais à vontade para investir’’, conta o atual presidente do conglomerado no Brasil, Foad Shaikizadeh.
  Hoje o visual da empresa é diferente. No lugar de olhos puxados, há olhos de todos os tamanhos e cores. ‘‘Somos uma empresa nacionalizada agora. Contamos com três japoneses e 400 brasileiros no quadro de funcionários. A começar por mim!’’, brinca Shaikizadeh, que tem descendência iraniana. Os japoneses acompanham mais de perto os departamentos de transferência de tecnologia e o financeiro. Já o centro de operações e o executivo trabalham ativamente com ocidentais.
  Outro exemplo bem sucedido de empresa com origens nipônicas é a Bratac. Fundada em 1940 em Bastos (SP), a indústria leva o nome abreviado da antiga Sociedade Colonizadora ‘‘Brasil Takushoku Kumiai’’ - sociedade colonizadora que apoiou a imigração japonesa. A sociedade trouxe a tecnologia da fiação da seda e, em 1974, chegou a Londrina, atendendo à demanda de produtores interessados na produção de casulos. Hoje, a unidade paranaense emprega 400 funcionários e 600 em todo o Estado, entre operários e produtores. A Bratac comercializa mais de 900 toneladas de fio de seda ao mês e exporta 90% da produção, das três unidades nacionais. Na empresa há três décadas, Hélio Mizokoshi, conta que hoje a maioria do quadro é composta por brasileiros e ‘‘totalmente adaptados aos termos japoneses característicos da produção da seda e há espírito de equipe no trabalho, sem distinções’’. (C.P.) n