Imagem ilustrativa da imagem Dilemas da troca de escola



A relação com a escola deve ser a mais verdadeira e duradoura possível. É por isso que muitos pais chegam a perder o sono quando se veem diante da necessidade de mudar os filhos de uma instituição para outra. Para crianças e adolescentes, tal mudança pode ser muito complicada e até traumática, porque implica na construção de uma nova rotina e na perda dos vínculos afetivos com amigos e professores. Por estes e outros motivos, a decisão deve ser analisada com muita cautela.
A psicopedagoga clínica e institucional, Michele Garcia Paes, especialista em Psicologia da Educação, afirma que, nos dias atuais, são vários os motivos que levam os pais a optarem pela troca de escola, como o baixo rendimento escolar, problemas de comportamento e relacionamento (bullying), mudança de cidade e a própria crise econômica.
Segundo a especialista, qualquer dificuldade enfrentada pela criança significa um alerta, um pedido de ajuda. "Não podemos ficar passivos diante de sintomas importantes", avisa. Quando o problema é o baixo rendimento escolar, antes de qualquer decisão, ela diz ser mais prudente os pais buscarem um profissional habilitado para fazer uma avaliação e investigar as causas do desempenho ruim. "Muitos pais têm dificuldade em aceitar os problemas de aprendizagem dos filhos imputando à escola a responsabilidade pelo fracasso", alerta.
A mudança de escola, às vezes, não resolve a situação, alerta Michele. Ela explica que é importante considerar que notas baixas, problemas de comportamento ou dificuldade de adaptação são sintomas que a criança apresenta e que revelam que algo não está bem. O problema, acrescenta, pode ser consequência da dificuldade em se adaptar à metodologia da instituição, se organizar com os estudos, ou até mesmo representar um possível transtorno.
Para a especialista, é possível tentar outras medidas antes de tomar uma decisão definitiva, como estabelecer um contato mais próximo com a escola e os professores, solicitar a mudança de sala, alterar a rotina escolar em casa e manter um diálogo familiar mais frequente. "Se estas alternativas não derem resultado ou se os pais chegarem à conclusão de que a mudança é necessária, o melhor é fazer com que a criança ou adolescente participe da escolha da nova escola", orienta. Isso ajuda a evitar que o processo seja traumático. O acolhimento e o diálogo, aponta Michele, são muito importantes diante das dificuldades enfrentadas pelo filho.
Quando o motivo da mudança se refere a questões comportamentais ou de relacionamento, como o bullying, por exemplo, o mais recomendado, de acordo com a psicopedagoga, é os pais procurarem um acompanhamento psicológico. "Nos três casos (dificuldade de aprendizado, problemas de comportamento e de relacionamento), a procura por um especialista no assunto é fundamental", sugere.

NEM TUDO DEVE PREOCUPAR
Nem tudo deve ser motivo de grande preocupação pelos pais. A psicopedagoga Michele Garcia Paes lembra que apresentar alguma dificuldade na escola é normal, dependendo do tipo, momento e intensidade dos sintomas. Ela argumenta que o acesso à internet e às mídias eletrônicas e a dificuldade dos pais em controlar o tempo dedicado pelas crianças e adolescentes aos estudos em casa contribuem para o baixo comprometimento delas e, consequentemente, queda no rendimento escolar.
Segundo Michele, são muitos os casos de crianças e adolescentes desinteressados, distraídos e desatentos. Tais comportamentos levam, muitas vezes, a falsos diagnósticos de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Por outro lado, o contrário também ocorre. Casos de TDAH não são diagnosticados precocemente e isso acaba prejudicando as crianças. "Elas desenvolvem baixa autoestima e até quadros ansiosos e depressivos." É por isso que qualquer sinal apresentado pelo filho deve ser valorizado e investigado pelos pais sempre com o apoio de um especialista.

Fique atento
A psicopedagoga Michele Garcia Paes lista alguns sinais apresentados pela criança ao enfrentar
problemas na escola. Desconfie de que há algo de errado quando há:

Desinteresse pela escola;
Apresentar notas muito baixas;
Tentar se isolar;
Ficar triste ou muito irritada sem motivo aparente