Quem acompanha pelo menos de relance a CWB TV percebe que o canal está diferente. O número de atrações aumentou, há mais espaço para entretenimento e alguns programas já têm qualidade técnica digna da tevê aberta. Mas um grupo de associados não vê a nova fase com bons olhos.
Em maio do ano passado, a então TV Comunitária ganhou o noticiário por conta de uma denúncia que chegou ao Ministério Público. Dez entidades, entre elas a CUT e o Sindicato dos Bancários, tiveram seus programas retirados do ar por falta de pagamento da taxa de veiculação. Os sem-tela alegavam que a cobrança era indevida, pois a Lei Federal da TV a Cabo denomina as televisões comunitárias como ''canais básicos de utilização gratuita''.
Após muita discussão, chegou-se a um acordo. O bloco divergente ficou isento de pagamento, mas teve seus programas reduzidos a 15 minutos de duração. ''Isso é uma esmola, uma falta de reconhecimento com quem ajudou a colocar o canal de pé'', reclama Laura Costa, presidente do Centro de Estudos, Defesa e Educação Ambiental (Cedea).
Uma das fundadoras da tevê, e ainda hoje integrante da diretoria, Laura afirma que a política de pagamento é apenas uma parte de sua crítica aos rumos que a CWB TV tomou a partir de 2005. ''O grupo majoritário, liderado pelo Jorge Bernardi e o pessoal do PDT, quer transformar o canal em uma empresa. A programação ficou na mão de empresários da educação, da comunicação e da fé. Perdeu-se os vínculos com a sociedade organizada verdadeiramente representativa'', lamenta.
Procurado pela reportagem, o vereador Jorge Bernardi negou qualquer tipo de interesse partidário por trás de sua atuação na tevê. Ex-presidente (entre 2003 e 2007), atual secretário e apresentador do talk-show Gestão Pública em Debate, ele afirma que o fato de figuras como Wilson Picler e Rafael Cury também militarem no PDT é ''quase uma coincidência''.
''Somos amigos e membros de movimentos filosóficos. Eu sou ligado à teosofia, o Rafael é ufólogo e o Picler representa o Nerf (Núcleo Editorial Realismo Fantástico)'', diz Bernardi. E completa: ''Meu programa recebe convidados de todas as áreas e partidos''.
Sobre a cobrança da taxa de veiculação, o vereador compara a associação que admnistra a CWB TV a um condomínio. ''Se todos contribuem com um pouco, podemos fazer muito. Não poderíamos continuar produzindo a tevê como antigamente. A qualidade era péssima''. (O.G.)