Os quadros são capazes de despertar diversos sentimentos, como alegria, nostalgia, humor, paz: "A obra tem que ter alma", resume Davi Wang
Os quadros são capazes de despertar diversos sentimentos, como alegria, nostalgia, humor, paz: "A obra tem que ter alma", resume Davi Wang | Foto: Gina Mardones



Dizem que a decoração de uma casa deve refletir o estilo, as referências e a personalidade dos donos. E não há nenhum item que cumpre tão bem esse papel quanto as obras de arte, seja na forma de telas ou de esculturas. Se, no passado, elas eram praticamente inacessíveis à maioria da população, hoje é possível adquirir excelentes peças de artistas locais a bons preços.

O artista plástico chinês Davi Wang, radicado em Londrina, tem em sua casa cerca de 150 obras. São telas de diversos tamanhos pintadas a mão com o uso de diferentes técnicas. Wang conta que a paixão pela arte nasceu ainda criança, mas nem sempre esse foi seu trabalho principal. Formado em Artes Plásticas pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), em São Paulo, atuou como comerciante e empresário. "Já tive mais de 18 lojas", revela.

Segundo Wang, a arte, no passado, tinha a função de contar histórias. As telas eram enormes e os artistas muito reconhecidos. "A evolução da arte caminhou junto com a arquitetura", conta. Hoje, os quadros diminuíram, mas algumas coisas dos tempos antigos permaneceram, como a técnica neoclássica e a pintura de retratos. "Recebo muitas encomendas", confirma.

Wang entrou para o catálogo nacional de artistas em 1989, requisito mínimo para participar de exposições e comercializar obras em galerias brasileiras. Mas as primeiras vendas ocorreram após uma exposição realizada em uma pizzaria de Londrina em 2000. Segundo ele, havia pouca aceitação de obras figurativas na cidade. "90% das obras comercializadas em Londrina eram abstratas", calcula.

Na decoração a obra de arte tem que acompanhar a linguagem e o estilo da casa. A escolha é muito pessoal, por isso, deve ser feita pelos próprios moradores. Wang diz que os quadros são capazes de despertar diversos sentimentos, como alegria, nostalgia, humor, paz. "A obra tem que ter alma", opina. As obras de Wang podem custar de R$ 3 mil a R$ 200 mil.

"É impagável ver e sentir a textura de uma tela pintada por um artista", descreve a sócia-proprietária do Varanda, Soraya Vansan. Duas obras de Davi Wang decoram internamente o bar londrinense. "São imagens de monges. Me apaixonei por elas. Tinham tudo a ver com o clima do Varanda", conta.

Soraya já conhecia o trabalho do artista quando o convidou para fazer uma exposição no bar. Ela também tem uma obra de Wang na sala de casa. Para ela, os artistas londrinenses precisam ser mais valorizados. "Temos artistas incríveis, mas, infelizmente, alguns comercializam e expõem suas obras mais lá fora do que aqui em Londrina", lamenta.

Já o artista plástico Edson Massuci dá vida a esculturas feitas com materiais recicláveis
Já o artista plástico Edson Massuci dá vida a esculturas feitas com materiais recicláveis | Foto: Marcos Zanutto



SIGNIFICADO
Para o artista plástico José Gonçalves, a obra que vai compor a decoração de um ambiente tem que ter significado para o dono do espaço. "Quando a obra tem qualidade, se encaixa bem em qualquer lugar", acrescenta. Ele entrou para o mercado da arte na década de 1990, depois de se formar em Arquitetura pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e vencer o 9º Salão Banestado.

Gonçalves mantém uma galeria em Londrina e expõe seus quadros em muitas outras espalhadas pelo Brasil e exterior. Na cidade, o valor do metro quadrado de cada tela custa, em média, R$ 8,7 mil. Ele utiliza a técnica mista para pintar. Usa tinta acrílica e uma mistura de outros materiais. "Minha inspiração flui diariamente. Adoro o que faço e tenho compromisso com exposições que me motivam", afirma.

MANUTENÇÃO
A manutenção de uma obra de arte é simples. Segundo Davi Wang, é fundamental que ela seja exposta em ambientes internos. Uma vez a cada seis meses é importante retirar a tela da parede para limpar, porque pode acumular traças. Se o acabamento é feito a óleo, um pano umedecido pode ser aplicado para retirar a poeira. Quando o desenho é finalizado em acrílico, é possível até mesmo lavar o quadro com água e sabão.

ESCULTURAS EM PAPEL
O artista plástico Edson Massuci dá vida a esculturas feitas com materiais recicláveis. "Transformo lixo em obra de arte", conta. O trabalho de Massuci já foi levado ao Japão, Espanha, Itália, França, Alemanha. Neste último país, teve sua primeira obra exposta publicamente no exterior. Em junho, inaugurará em Rolândia um museu que levará o seu nome, "Museu do Café Edson Massuci".

As esculturas, de 30 centímetros, feitas em papel, são resistentes e laváveis, pois passam por impermeabilização. Mas o artista também produz obras grandes. Ele é o autor do presépio natalino – com esculturas de 2 metros de altura - que ficou exposto na rotatória em frente à Catedral de Londrina no ano passado. Também assina uma imagem de São Francisco de Assis que foi levada para São Luís do Maranhão e atualmente trabalha numa escultura de Cristo, que será exposta em uma igreja de Rolândia.

Jornal, arame e até antena parabólica, combinadas com cola e resina acrílica, viram arte nas mãos de Massuci. Como o papel é térmico, o artista leva até cinco dias para terminar uma escultura. "Tenho que trabalhar aos poucos", justifica. O artista comercializa suas obras em casa, feiras e exposições. As peças custam, em média, R$ 200.