A invasão dos mangás
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 17 de junho de 2008
Claudio Yuge<br>Equipe da Folha
Hoje é comum você ligar a tevê ou entrar em uma banca de jornal e encontrar considerável material vindo da cultura japonesa. Essa invasão nipônica começou bem depois da chegada dos primeiros imigrantes ao Brasil e se deu dos anos 70 para cá, com a exibição dos desenhos animados (ou animês), como Speed Racer e Dragon Ball, e, especialmente, o aumento da publicação de quadrinhos japoneses. Os mangás, que contavam com poucos títulos nas bancas tupiniquins na virada dos anos 90, hoje dominam os mercados nacional e mundial.
O mercado japonês de quadrinhos é 17 vezes maior que o dos Estados Unidos e 30 vezes maior que o europeu. Cerca de 42% do papel impresso no Japão é de quadrinhos, contabiliza o editor Rogério de Campos, da Conrad Editora, empresa que vem publicando mangás e livros sobre a cultura japonesa nos últimos anos.
Campos acredita que o aumento do interesse e da veiculação de material sobre a cultura japonesa aconteceu devido à penetração dos mangás no País. Como o Japão é o maior produtor de quadrinhos do mundo, natural que a grande variedade levasse as milhares de revistas para o restante do globo. É difícil não gostar de mangás, porque o universo é amplo, tem quadrinhos sobre golfe, sobre trabalho, sobre executivos que viajam o Japão para experimentar restaurantes... Tem até sobre noras oprimidas por sogras, destaca.
A produção em massa no Japão acontece porque há muito tempo os quadrinhos não são considerados coisa de criança por lá. Os quadrinhos no Ocidente viraram uma literatura de criança e adolescente e no Japão, não, é pra todo mundo, é desenvolvido sem preconceito. Os quadrinhos deles já são os mais vendidos em vários países da Europa e nos Estados Unidos. É estranho isso ter demorado para acontecer no Brasil.
A queda das vendas de revistas de super-heróis também ajudou a impulsionar a popularidade dos mangás, que hoje têm no seu público jovens que em sua maioria não fazem parte da comunidade nipônica. A coisa toda transcendeu completamente a comunidade de japoneses. n