Além das informações sobre os nipo-brasileiros obtidas nos censos populacionais, Haine traz ainda fatos históricos que marcaram a vida dos imigrantes japoneses em capítulos separados por anos e estados.
  ‘‘Foi bastante difícil porque encontramos muito material de São Paulo e Paraná mas de outros estados como Pará, Bahia, não. Lendo o livro você vai conseguir ver quando os japoneses chegaram as várias regiões, as dificuldades que tiveram’’, explica a jornalista Maria Helena Uyeda, da Associação Brasileira de Dekasseguis (ABD), uma das autoras da obra.
  Maria Helena destaca o capítulo dedicado a um fato ocorrido no Pará e pouco conhecido dentro da comunidade nipo-brasileira. ‘‘Tomé-Açú recebeu os mestiços, frutos indesejados da guerra. (...) Chegaram a Tomé-Açú, entre 1955 e 1956, imigrantes mestiços, vinte e cinco ou trinta filhos de soldados norte-americanos com japonesas. Usufruíam da proteção, no Japão, da ‘Elisabeth Sander’s Home’, orfanato que abrigava crianças mestiças de japoneses com soldados americanos, especialmente negros’’, diz trecho de um estudo realizado em uma universidade do Pará, transcrito no livro. ‘‘O que me chamou a atenção é a grande dificuldade, ninguém fala sobre isso’’, diz Maria Helena. Segundo o estudo mencionado, ‘‘em vista da boa acolhida do primeiro grupo’’, foi fundada a Fazenda Santo Estevão, em 1963, que seria administrada por seis estudantes da Elizabeth Sander’s Home.
  Para Maria Helena o trabalho de pesquisa foi gratificante. ‘‘Ao fazer este trabalho aprendi muito e a gente começa a dar mais valor aos pioneiros porque as dificuldades que eles passaram não foram fáceis. É legal saber que as novas gerações vão ter acesso a essas informações.’’ (C.O.)