Imagem ilustrativa da imagem A caminho dos R$ 100 milhões
| Foto: Sérgio Ranalli
Com a importação de novas máquinas, a empresa acaba de dar início à produção de brocas odontológicas especiais



Premiada duas vezes pela Finep – estatal de fomento à ciência, tecnologia e inovação -, a Angelus caminha a passos largos para faturar R$ 100 milhões ao ano. Por meio de uma joint venture com a indústria Prima Dental, da Inglaterra, a empresa acaba de dar início à produção de brocas odontológicas especiais, material de alto valor agregado.
"Já importamos seis equipamentos para produzir as brocas. Ao todo serão 20", conta o empresário Roberto Alcântara. Cada uma das máquinas custa cerca de R$ 2 milhões. Da associação com os ingleses, nasceu a Angelus Prima Dental, empresa com 50,01% de capital social pertencente ao londrinense e sua mulher e 49,99% aos investidores estrangeiros.
Antes da parceria como os britânicos, a indústria, que hoje tem sede no Parque Tecnológico (zona norte), já havia crescido bastante desde sua fundação há 22 anos. Conforme explica Alcântara, ela nasceu "literalmente de acidente de percurso". Inconformado com a "forma artesanal" com que os dentistas trabalhavam na década de 1990, ele havia começado a desenvolver produtos para uso próprio em seu consultório. "Uma amiga minha tinha sofrido um acidente em São Paulo e ficou em situação financeira difícil. Eu passei a mandar os meus produtos para ela vender, como forma de ajudá-la", conta.
Três meses depois, de acordo com o empresário, a amiga já faturava, vendendo de consultório em consultório, mais que ele no consultório. "Vi uma oportunidade. Vendi minha Parati, criei a empresa. Trouxe minha amiga de São Paulo, contratei um sobrinho e começamos nós três a trabalhar no negócio", recorda. Hoje, a Angelus oferece 98 empregos diretos e fatura cerca de R$ 30 milhões por ano.
Desde o início, a indústria trabalhou com foco na inovação. "Como dentista, eu tinha a visão dos problemas e criava as soluções", explica. Numa segunda fase, Alcântara passou a buscar parcerias com universidades para agregar valor aos produtos. E, a partir de 2005, com a aprovação da lei federal de inovação, passou a buscar financiamento na Finep, no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), entre outros órgãos de fomento. "Trouxemos cinco pesquisadores de São Paulo e montamos uma equipe de P&D (pesquisa e desenvolvimento)", conta.
A empresa é uma sociedade anônima de capital fechado. "Não descartamos a possibilidade de abrirmos capital depois que chegarmos aos R$ 100 milhões. Mas o mais provável é vendermos 20% das ações para o BNDES. Já estamos conversando com o banco há mais de um ano", explica.
A taxa de crescimento da Angelus, conforme atesta Alcântara, vem sendo de 20% nos últimos sete anos. "A crise teve pouco impacto para nós. Pouco mais da metade do que produzimos é para exportação. E o câmbio tem favorecido a gente." Para ele, que vende para 75 países, o câmbio próximo de R$ 3,30 está "excelente". Não pode ficar muito abaixo disso porque atrapalha as exportações nem muito acima porque prejudica o mercado interno e as importações de equipamentos.