Imagem ilustrativa da imagem Um brinde à cerveja no estádio
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Os estádios do Paraná, enfim, voltarão a ter cerveja. Oh, Glória!!! (salva de palmas). Os deputados estaduais aprovaram a volta da venda da "loira gelada" nas praças esportivas do Paraná, antes proibida porque seria o combustível para os bandidos que se disfarçam de torcedores brigarem e, muitas vezes, matarem rivais em dias de jogos. Associar a suposta violência nos estádios à bebida que era vendida lá dentro é, no mínimo, preguiça de raciocinar.

A violência no país e, consequentemente nos estádios, é um problema muito sério, que vai além da argumentação simplista de associá-la ao consumo de álcool. Somos o quinto país que mais mata mulheres no mundo segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estamos no topo do planeta em violência contra professores e temos um índice de homicídios muito maior do que a soma de mortos nos atentados terroristas.

A violência, no estádio ou fora dele, é um problema da várzea que é a segurança pública por aqui, setor que não é prioridade das administrações e está jogada no ralo junto com a educação e a saúde públicas e a vergonha na cara da esmagadora camada dos políticos.

No fim do ano passado, pude acompanhar uma série de clássicos na Europa. Fui ao Emirates, em Londres, Allianz Arena, em Munique, Old Traford, em Manchester. Em todos os casos, tive a experiência do torcedor: fui de transporte público, fiz os esquentas na região do estádio e acompanhei os jogos tomando cerveja dentro do estádio. Não vi uma briga, nem no trajeto - mesmo com torcedores dos dois times envolvidos na disputa no mesmo vagão do metrô -, nem dentro do estádio. Muito torcedor de cara cheia, mas de boa, sem dar trabalho.

Por que aqui não pode ser assim? Aliás, a proibição só incentivava a bebedeira do lado de fora. E convenhamos: no nível em que está o futebol praticado aqui, só enchendo a cara mesmo para suportar os 90 minutos. Esse mimimi de quem não quer cerveja no estádio é um porre.