Imagem ilustrativa da imagem Os amores de verão no futebol
| Foto: Reprodução/Instagram



Os amores de verão chegam arrasadores e se vão deixando sempre uma das partes feridas. A vida é assim, nem sempre o que é bom dura muito tempo. Principalmente quando o dinheiro está no meio. Com meus 36 anos, ouso dizer que faço parte de uma das últimas gerações de torcedores que viram crescer grandes ídolos de torcidas, aqueles que se eternizavam com um manto. Com raríssimas exceções, mas raríssimas mesmo, o torcedor não consegue mais criar seu herói que calça chuteira. Não dá tempo.

Difícil achar no futebol brasileiro atual uma torcida que possa ir ao estádio ver o seu ídolo. São raros os jogadores que ficam mais do que duas temporadas no clube. A não ser um reserva ou algum coadjuvante. Os boleiros de destaque, que que marcariam uma geração de torcedores de determinado time, não ficam.
No futebol cada vez mais fora da realidade financeiramente, o dinheiro é quem manda. E o jogador está errado em buscar fazer fortuna ao invés de virar lenda? Claro que não. Dá para fazer as duas coisas também, ainda que seja mais difícil.

Depois que a grana do Oriente Médio ou mesmo do Leste Europeu entrou no mercado da bola, as cifras tomaram uma proporção assombrosa, que causa perplexidade. Esta semana pudemos ver como que esse dinheiro pode devastar torcidas. Neymar foi para o Paris Saint-Germain por R$ 820 milhões. Sabe aquele salário mínimo de R$ 937 que a maioria dos brasileiros têm que passar o mês? Então, ele vai ganhar um desse a cada 4 minutos e 23 segundos. Pois é. São R$ 3,56 por segundo. Na Espanha, virou mercenário. Na França, a esperança de colocar o futebol do país na rota dos grandes títulos de clubes. Ele precisava do dinheiro? Claro que não, afinal até sua décima geração já está com a vida acertada. Mas o desafio em projetos pessoais, como de ser melhor do mundo, somado ao caminhão de dinheiro o motivaram. Talvez não tenha conduzido da melhor forma a transação, uma especialidade de seu ganancioso pai. Que o diga o Santos.

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| Foto: Gustavo Oliveira/ Londrina Esporte Clube



A outra transação que marcou a semana está algumas centenas de milhões mais abaixo, mas machucou o coração do torcedor londrinense tanto quanto o do Barcelona. Depois de anos vendo caneludos inoperantes no ataque, o torcedor alviceleste, enfim, tinha um goleador para chamar de seu, um cara que enchia o torcedor de esperança quando pegava na bola. Jonatas Belusso marcou 23 gols no ano, 11 com a camisa do LEC. Era o artilheiro da Série B. Mas aí precisou pensar na família e na chance de fazer o famoso "pé de meia". Se no caso de Neymar o fato de já ser milionário abria uma brecha para questionamentos se deveria ou não aceitar os milhões do catariano dono do PSG, no caso de Belusso não. Aos 29 anos, tem na ida ao Al Shabab, da Arábia Saudita, a chance de juntar uma grana que fará muita diferença na vida dele. Não dá para julgar o atleta e não dá para um clube do porte do Londrina, ou da SM Sports, competir com os 'petrodólares'.

Resta ao torcedor arrumar outro amor de verão, ou de inverno, para substituir o que se foi. O futebol é isso e o romantismo, a gente deixa para as novelas ou as músicas sertanejas.