Estamos no fim de setembro e a sensação que tenho e que muitos amigos compartilham é de que esse ano não está tendo Campeonato Brasileiro. Não há empolgação, não tem aquela mobilização para assistir aos jogos, não tem aquela disputa acirrada. Um time que não tem nada de diferente lidera desde o começo e é o virtual campeão porque foi o único que levou a sério o torneio em todas as rodadas. Os demais lembraram de vez em quando e pagam por isso não só na tabela de classificação, mas também no faturamento com a arquibancada e no interesse de seu torcedor.

Quando o Brasileirão virou de pontos corridos, muita gente sentenciou seu fim. "Aqui no Brasil não vira", "brasileiro gosta de mata-mata", "pontos corridos é sem graça" e por aí vai. Demorou, mas essa hora está chegando e por culpa da CBF e dos clubes, não dos pontos corridos.

E o retrato deste ano é apenas uma mostra do que está por vir em 2018. No ano que vem, a Copa do Brasil pagará R$ 70 milhões ao campeão, somando a premiação de todas as fases. Então vamos lá: é um torneio de mata-mata, como o brasileiro gosta, paga uma fortuna, dá a sonhada vaga na Libertadores, é mais curto, dá para faturar outra bala com bilheteria e vale um título. Advinha qual será a opção de priorizar dos clubes. Aí tem ainda a Libertadores, o grande sonho de consumo dos times brasileiros, que mesmo podendo disputar o título do Nacional preferem escalar um time inteiro reserva para que os jogadores atuem descansados pela competição continental.

Na Europa, os grandes times jogam para ganhar tudo o que disputam. Aqui, as priorizações começam em janeiro. Dúvida? O Grêmio joga com os reservas o Brasileirão desde o primeiro turno. Cada vez mais, os clubes vão optar pelas copas, que são mais atrativas e vantajosas. Depois, se forem eliminados, pensam no Brasileiro. Afinal, se terminar entre os seis, se garantem na Libertadores do ano seguinte. Olha só que molezinha.
Muitos clubes não levam em conta no planejamento ao optar pelas Copas que um deslize qualquer é fatal, ao contrário dos pontos corridos. E o ano vai para o saco.

O Brasileirão precisa continuar sendo a prioridade e a CBF precisa encontrar uma forma de fazê-lo atrativo e competitivo durante todo o ano. Do contrário, teremos sempre o campeão antecipado já em agosto ou setembro e um banho-maria até o final. A CBF precisa salvar o Brasileirão.