Imagem ilustrativa da imagem A César o que é de César
| Foto: Gustavo Oliveira/ Londrina Esporte Clube



Como bom mineiro, César é daquele cara que "come quieto". Discreto, faz de tudo para passar despercebido, fala pouco e de forma ponderada, não dá aqueles saltos acrobáticos para levantar torcedor, fica lá, no seu canto. E foi assim, 'comendo pelas beiradas' que virou o grande nome do Londrina em 2017. Sua humildade, força de vontade, determinação e, claro, talento, o tiraram dos olhos da desconfiança para ser o novo goleiro a ser idolatrado pelo torcedor alviceleste. Não estou aqui para comparar o jovem arqueiro com Danilo, Vítor ou Marcelo Rangel, seus antecessores. Cada um deu sua contribuição e foi importante. Mas César é especial. Motivos não faltam.

Aos 22 anos, viu cair em seu colo uma batata quente: ganharia sua primeira chance como profissional em um momento conturbado no clube. Ela viria após três grandes goleiros terem envergado a camisa 1 alviceleste e depois de outro jovem fracassar na tentativa de substitui-los. A chance veio acompanhada de narizes torcidos na arquibancada e na imprensa. "Com esse goleiro não vamos a lugar nenhum", era a frase mais ouvida. Fomos a muitos lugares, fomos muito longe.
César, o mineiro, foi comendo quieto, pelas beiradas, e mostrando seu valor a cada dia. No lugar das respostas, dos desabafos e indiretas, trabalhou e muito. Foi se agigantando, mostrando sua cara, calando um a um a cada salvação. Se o Londrina tem a pior defesa da Série B não é por culpa dele. Foram vários milagres, vários gols evitados.

Mas foi na Primeira Liga que se coroou definitivamente. Mais do que as grandes atuações, sua frieza na hora das cobranças de pênaltis foi surpreendente. César foi gigante diante do Cruzeiro: três pênaltis defendidos e um milagre durante os 90 minutos. Na épica noite de quarta-feira, mostrou o monstro que é. Botou o He-Man no bolso e botou uma faixa no peito do torcedor alviceleste. Atônito, não correu, não pulou, não xingou na comemoração. Ajoelhou-se, agradeceu aos céus a paciência e a resiliência que lhe foram dadas e colocou definitivamente seu nome na história do Londrina.

O fabricante de paredões

Uma marca da gestão SM Sports no Londrina é a qualidade dos goleiros. O finado Danilo virou o Paredão, Vítor era o Santo e Marcelo Rangel brilhou. Todos viraram ídolos do torcedor pelo que fizeram debaixo do gol. Agora, mais um camisa 1 se destaca. E essa fábrica de paredões tem um "engenheiro" responsável: Edson Sabiá. O preparador de goleiros está no clube desde 2011, quando o técnico Cláudio Tencati assumiu o time. Foi ele que treinou e preparou todos essas grandes goleiros.

Merecido

Se teve um time que mereceu ganhar a Copa da Primeira Liga esse time foi o Londrina. Enquanto os criadores do que seria um embrião de uma liga nacional independente deram de ombros para a competição, o convidado Tubarão foi o único que a respeitou e a levou a sério do começo ao fim.