"Você é fascista!"

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Estava eu atravessando a Avenida Higienópolis, na esquina com a JK, em frente à Igreja Coração de Maria, onde me casei há exatamente dez anos, quando um carro branco passou em velocidade. Ouvi então uma voz feminina, raivosa, ensandecida:

— Fascista!

Não deu tempo de ver quem era, nem de anotar a placa do carro. Meu primeiro impulso foi de fazer um gesto grosseiro e dizer um palavrão, mas fiquei com vergonha de Nossa Senhora (havia acabado de rezar um mistério do terço) e me lembrei que a pobre mãe da justiceira social não tem culpa nenhuma da fúria militante da filha.

Se essa militante que me xingou tivesse nome, RG e coragem de mostrar o rosto, a esta altura estaria sendo processada por crime de injúria.

Fascista... A moça só teria me ofendido mais se me chamasse de comunista ou petista. Fascismo é o oposto do que penso, do que falo, do que faço. A famosa frase de Mussolini — "Tudo pelo Estado, nada fora do Estado, contra o Estado" — é na minha opinião uma das declarações mais odiosas de nosso tempo, e explica boa parte da ruína em que o Brasil se encontra.

Na Roma antiga, "fasces" era um machado revestido por um feixe de hastes de madeira. O machado representa o governo; os feixes representam as pessoas amarradas ao poder estatal. É um símbolo do fascismo, tão nefasto quanto a foice e o martelo comunistas. É verdade que o fascismo matou menos que o comunismo — 100 milhões de mortos são difíceis de igualar —, mas isso não desculpa os crimes de Hitler e Mussolini, cujo fim foi merecido.

Ao final da Segunda Guerra, quando o tirano Stálin (20 milhões de mortos) escravizou metade da Europa, lançou uma campanha mundial para chamar de "fascistas" todos aqueles que se opusessem ao seu regime de terror. Stálin morreu em 1953, seus crimes foram revelados ao mundo, mas até hoje os miquinhos amestrados da esquerda seguem as ordens do papai. Essa moça que me xingou não sabe, mas é uma alegre comadre de Stálin. Os fascistas antigos vestiam camisas pretas; hoje a camisa é de outra cor, e nem preciso dizer qual é.

Mas não se espante, caro leitor. Na visão dos miquinhos amestrados, você também é um fascista. Afinal, você ama sua família, é contra a lavagem cerebral das crianças, respeita a fé das pessoas, trabalha honestamente, quer ver corruptos de todos os partidos na cadeia, não aceita pedofilia nem vilipêndio religioso. Você não ama os bandidos que eles chamam de heróis, então só pode ser um fascista!

"Bem-aventurados sereis, quando os homens vos odiarem, quando vos rejeitarem e insultarem e proscreverem o vosso nome como infame, por causa do Filho do homem." (S. Lucas 6,22)

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