Imagem ilustrativa da imagem Os velhos prefeitos



Ontem tive um sonho estranho. Sonhei que me encontrava numa sala com três grandes prefeitos de Londrina: José Hosken de Novaes, Milton Menezes e Antonio Fernandes Sobrinho.

O primeiro a falar foi Dr. Hosken:

— Londrina é uma terra milagrosa, sei disso porque fui testemunha viva do nosso progresso. Mas é bom lembrar, Paulo: todo milagre desperta inveja nos homens maus. Eu observo que hoje existem grupos ávidos por assumir o poder em nossa cidade. São pessoas de fora, que não têm o menor amor por nossa terra, mas ainda assim querem mandar nos londrinenses. Nós nascemos da coragem de homens e mulheres impetuosos, ousados, independentes. Gente trabalhadora que nunca baixou a cabeça diante de ninguém, a não ser Deus. Londrina é uma cidade sem donos, e por isso os mandarins de outros lugares não gostam da gente. Veja o que tentaram fazer, há alguns anos, com o patrimônio que eu criei no meu mandato: quase destruíram a cidade para alimentar suas ambições políticas! Tenho esperança de que o erro não se repita.

Ao terminar suas palavras, Dr. Hosken fez um gesto para seu grande amigo Milton Menezes e mergulhou os olhos na leitura de um livro. Dr. Milton ajeitou os óculos e disse:

— A demagogia mata, meu jovem. Londrina, o Paraná e o Brasil não têm anos fáceis pela frente: quem disser o contrário estará mentindo. Nossa cidade já iniciou a reconstrução, mas reconstruir um país inteiro é algo bem mais complicado. Talvez, Paulo, só os seus filhos tenham a chance de ver um país realmente melhor. Quando digo talvez, é porque existem forças contrárias. O pior inimigo da reconstrução é a demagogia: com um discurso, com uma ilusão, com uma mentira, o político demagogo arranca os fundamentos e os tijolos daquilo que foi duramente construído ao longo do tempo. Um demagogo no cargo errado pode atrasar em anos o desenvolvimento de uma cidade, de um país. Já aconteceu com Londrina, já aconteceu com o Brasil. Cuidado!

Antonio Fernandes Sobrinho levanta-se, dá alguns passos, olha pela janela da sala — o céu está mais azul do que nunca — e aponta o Lago Igapó:
— Quando fiz este lago, eu queria dar mais às pessoas do que um cartão postal. Eu queria dar aos filhos de Londrina um lugar de consolação. Todos nós temos sofrimentos, angústias, dificuldades. A água vem de Deus. A água consola, acalma, dá paz. Eu não quero que as pessoas façam a escolha errada e deixem a cidade ir por água abaixo outra vez…

Dr. Hosken me coloca nas mãos o livro que está lendo e aponta uma passagem da Carta aos Efésios:

"Tomai, por tanto, a armadura de Deus, para que possais resistir nos dias maus e manter-vos inabaláveis no cumprimento do vosso dever. Ficai alerta, à cintura cingidos com a verdade, o corpo vestido com a couraça da justiça, e os pés calçados de prontidão para anunciar o Evangelho da paz. Sobretudo, embraçai o escudo da fé, com que possais apagar todos os dardos inflamados do Maligno. Tomai, enfim, o capacete da salvação e a espada do Espírito, isto é, a palavra de Deus."

Então eu acordei. E você?


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