Imagem ilustrativa da imagem Os olhos furados de Édipo
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"Édipo Rei", tragédia de Sófocles escrita em 430 a.C., deveria ser lida por todos os seres humanos. Logicamente, em função de sua complexidade formal e temática, o grande clássico grego, que Aristóteles saudou em sua "Poética", não é uma leitura adequada para crianças pequenas. No mesmo caso se encontram inúmeras outras obras clássicas, tais como "Hamlet", "Os Lusíadas", "Guerra e Paz", "Crime e Castigo" e "Os Sertões". Não vejo, no entanto, nenhum problema em ler "Édipo Rei" na adolescência e na juventude.

Só a leitura dos clássicos e da tradição sagrada nos permite ampliar o horizonte intelectual e desenvolver a imaginação moral para resistir aos movimentos totalitários do nosso tempo.

Gostaria de lembrar aqui uma passagem de "Édipo Rei". Ao descobrir que sem saber matou o pai e casou-se com a mãe, o rei Édipo não apenas renuncia ao trono como também fura os olhos, para se purgar diante da enormidade dos sofrimentos que causara. Ele poderia muito bem alegar ignorância, mas não o fez. Édipo era uma alma nobre, não tinha o caráter dos políticos brasileiros.

No livro "A Insustentável Leveza do Ser", Milan Kundera utiliza "Édipo Rei" para fazer uma severa condenação do sistema socialista. O personagem Tomás escreve um artigo dizendo que os chefões do Partido deveriam seguir o exemplo do rei Édipo e furar os olhos para se penitenciar diante dos crimes cometidos pelo regime. Por causa desse artigo, Tomás perde o emprego de médico e é perseguido até a morte.

Diante da ruína da educação brasileira — cujo patrono é o comunista Paulo Freire —, os verdadeiros professores, que ainda são a maioria, deveriam seguir o exemplo dos clássicos. Não furar os olhos, como Édipo, mas fazer exatamente o contrário, abrir os olhos para a realidade: a nossa educação está morrendo, as escolas estão formando legiões de analfabetos funcionais.


O grande problema do projeto Escola Sem Partido é o nome. Deveria ser Escola Sem Censura, Escola Sem Socialismo, Escola sem Luta de Classes ou Escola Sem Partido Único. Pois o que está acontecendo hoje não é uma simples doutrinação política: o que ocorre em salas de aula de todo o País é um processo de engenharia social, a lavagem cerebral de milhões de crianças brasileiras. Negam a elas o acesso às fontes primordiais da nossa civilização: a cultura judaico-cristã que emana de Atenas, de Jerusalém e de Roma. Negam a elas os princípios básicos de moralidade, civismo e amor à Pátria (valores censurados e apagados da história). Negam a elas, por fim, o conhecimento da linguagem. Se uma criança não consegue escrever uma frase sem erros ou fazer uma conta simples de matemática, não conseguirá jamais ler Sófocles, Shakespeare ou Camões. Não há censura e opressão maior do que essa.

Escola sem partido é escola sem censura, é escola sem opressão, é escola sem ditadura. Não podemos deixar que a esquerda continue furando os olhos dos nossos filhos!