Imagem ilustrativa da imagem Operação Uruguai
| Foto: Evaristo Sá/AFP



Os mais jovens não devem se lembrar da Operação Uruguai. Eu me lembro. Em 1992, no auge do processo de impeachment de Fernando Collor (que nenhum esquerdista, em momento algum, chamou de "golpe"), um secretário particular do presidente inventou a história de que havia sido feito um empréstimo de US$ 3,75 milhões no país cisplatino. A Operação Uruguai — que logo se revelou uma farsa — tinha por objetivo provar que as despesas do presidente não eram pagas pelo sr. PC Farias. É bem verdade que os crimes de Collor se revelariam brincadeiras de criança diante dos escândalos petistas, mas a versão canhestra do secretário entrou para o rol do que Stanislaw Ponte Preta chamaria de Febeapá (Festival das Besteiras que Assolam o País).
Ninguém poderia imaginar que uma nova Operação Uruguai seria cogitada 24 anos depois, tendo por personagem central o então maior adversário de Collor. Personagens do submundo esquerdista mexem os pauzinhos para garantir um exílio de Lula no Uruguai, evitando assim que ele seja preso pela Lava Jato e fixe residência em Curitiba. Como diria o motorista do ônibus sem rota, a que ponto chegamos.
A diferença entre a Operação Uruguai de 1992 e a Operação Uruguai de 2016 é apenas o objeto. Antes, eram US$ 3,75 bilhões emprestados para um presidente. Agora, é um presidente emprestado para o país vizinho. Mas o que há em comum entre as duas operações é a vergonha nacional. Se o Uruguai aderir a essa nova farsa, cometerá uma ofensa pior do que aquele segundo gol de Ghiggia na Copa de 1950. Pelo menos o gol foi legal.
Em artigo publicado recentemente, Lula criticou a Lava Jato. Disse: "As falsas acusações que me lançaram não visavam exatamente a minha pessoa, mas o projeto político que sempre representei". Projeto político! Eis as palavrinhas mágicas.
Lula e o PT, a exemplo de todo o campo socialista, jamais tiveram por prioridade o bem-estar das pessoas e o progresso do País. O que esteve em foco, desde a criação do partido, foi o tal "projeto de poder". Ouvi essa expressão pela primeira vez em 1994, quando atuava no sindicalismo. Ao fazer determinada crítica a um político petista, fui repreendido por companheiros: aquele comentário prejudicava "o nosso projeto".
Ao ler o excelente livro "Celso Daniel — Política, corrupção e morte no coração do PT", de Silvio Navarro, uma das coisas que mais me chamaram a atenção foi a absoluta prioridade que os dirigentes do PT davam ao "projeto político" no momento em que Celso Daniel mal havia sido enterrado. Não há um único diálogo em que eles demonstrem sentimentos de pesar pelo prefeito executado e seus familiares.
A ênfase total no "projeto político" explica muito do que aconteceu ao Brasil nos últimos anos. Tudo fica em segundo plano diante do tal projeto: o assalto ao Estado, a destruição da economia, a aniquilação da cultura, o caos social. Uma organização criminosa tomou posse do País como um punhado de militantes que invade uma escola pública e alicia nossos jovens. Muito pior que a Operação Uruguai foi a Operação Brasil.