Imagem ilustrativa da imagem O turbante e o câncer
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Provocou celeuma nas redes sociais o caso da garota que estava usando um turbante e foi admoestada por uma militante do movimento negro, pelo fato de que estaria se "apropriando indevidamente" de um elemento da cultura afro. A resposta da moça foi contundente: ela tirou o turbante e mostrou que fazia tratamento de câncer.

O incidente ilustra à perfeição um dos mais sérios e tristes embates do mundo contemporâneo: aquele que se dá entre o rancor e a compaixão. Considerar um objeto como propriedade exclusiva de uma etnia é um ato profundamente autoritário, que vai contra todos os parâmetros da vida civilizada. A dor provocada pelo câncer, por outro lado, não conhece fronteiras culturais. A morte não tem etnia — e diante dela devemos nos compadecer, sob pena de perdermos a característica universal da misericórdia. Tenho a certeza de que a maioria dos afrodescendentes não pensa como aquela militante; jamais usariam uma causa justa — como a luta contra o racismo — para propagar o ódio, a discriminação e o fascismo.

Afinal, o que escolheremos ser: uma sociedade do rancor ou uma sociedade da compaixão? A quase totalidade dos movimentos sociais esquerdistas, que entraram em parafuso após perder de forma constitucional as boquinhas no governo, parecem ter feito a sua opção: querem dividir a sociedade brasileira através do ressentimento, porque através da democracia já se provou que eles não conseguem mais.

É preciso que a população brasileira se levante contra a violência ideológica que se espalha como um veneno pelo nosso tecido social. Em todos os segmentos da sociedade, temos visto a ação de militantes do caos, que pretendem inocular a divisão entre as pessoas que conviveriam perfeitamente bem em circunstâncias normais. Querem dividir pais e filhos, negros e brancos, homens e mulheres, jovens e velhos, empresários e trabalhadores, ricos e pobres. Sempre que aparece uma oportunidade, os agentes do caos tentam causar discórdia através da lógica da luta de classes. É a velha estratégia de "dividir para reinar". E quando eles reinam, meu amigo, o resultado é sempre catastrófico. Veja-se a ruína em que se encontra nosso país. Veja-se a montanha de 100 milhões de cadáveres deixada pelos regimes revolucionários no século XX.
Ademais, levar adiante essa doutrina nefasta de "apropriação cultural" conduziria a inesgotáveis situações absurdas. Amanhã apareceria algum louco querendo dizer que as obras de Bach e Beethoven só podem ser ouvidas por alemães; que os livros de Tolstói e Dostoiévski só podem ser lidos por russos; ou que o avião só pode ser utilizado por conterrâneos de Santos-Dumont (ou dos Irmãos Wright, diriam os americanos).

Menos rancor, mais compaixão. Menos ideologia, mais realidade.

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