Imagem ilustrativa da imagem O Promic e o Promico
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"O sucesso de um programa social se mede pela quantidade das pessoas que deixam de precisar dele."
(Ronald Reagan)

Chegou a hora de fazer a distinção entre Promic e Promico. O Promic é o Programa Municipal de Incentivo à Cultura, criado há 15 anos. O Promico é a deturpação desse programa. Há entre o Promic e o Promico uma relação muito parecida com a que existe entre Dr. Jekyll e Mr. Hyde na obra-prima de Robert Louis Stevenson, "O Médico e o Monstro". Este se alimenta da glória e da reputação daquele.

Do Promic, nasceram muitos bons frutos. Um exemplo recente é o livro "Samba de uma Noite de Verão", de Renato Forin, premiado com a medalha de bronze no Prêmio Jabuti, na categoria adaptação. Quero muito ler esta obra do Renato, um jornalista e escritor cujo trabalho conheço há vários anos e ajudei a divulgar como repórter da área cultural. Em certo sentido, toda literatura moderna é uma adaptação das obras de Shakespeare, Dante e Camões. Lembro-me, aqui, dos filmes que Bergman e Woody Allen fizeram inspirados em "Sonho de uma noite de verão". Parabéns, Renato.

Bons frutos, sempre citados quando se faz a defesa do Promic, também são os projetos "Musicando na Escola" e "Plantão Sorriso". Quem poderia ser contrário a iniciativas que espalham a arte e a alegria pela comunidade? Acredito mesmo que "Musicando na Escola" e "Plantão Sorriso" são tão bons que um dia não precisarão mais do Promic. De modo semelhante, chegará o tempo em que livros como "Samba de uma Noite de Verão" poderão ser editados sem que se precise usar recursos públicos para tanto. Aliás, já chegou esse tempo! Estão aí dois grandes sucessos culturais feitos sem um centavo público — o livro "O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota" e o filme "O Jardim das Aflições" —, que não me deixam mentir.

O problema, portanto, não é o Promic; é o Promico — ainda que este seja apenas uma pequeníssima parte daquele. Entre eles há uma distinção tão radical quanto a que separa o trigo e o joio. A comunidade londrinense não é contra o Promic; ela é contra o Promico. Ela não quer o peladão na beira do lago onde passeiam crianças; ela não quer uma revista que incentiva a promiscuidade e o uso da maconha; ela não quer ver Jesus apresentado como transexual dentro de uma capela. Ela não quer que se faça em Londrina a mesma exposição de cultura da morte que se fez em Cambé. Os londrinenses não aceitam que o dinheiro dos impostos seja utilizado para avançar nenhuma agenda ideológica, de esquerda ou de direita.

Dogmas só fazem sentido na vida espiritual de cada um; dizer que o Promic é "inquestionável" equivale a estabelecer um dogma no campo político, o que é frontalmente contrário à democracia. Que tal defender o Promic e combater o Promico? É para isso que estamos aí.