Imagem ilustrativa da imagem O homem que vai salvar o Brasil
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É meio-dia e meia. Aquele calorzão londrinense. Termino de escrever a coluna e sinto fome. Ué, cronista também é gente! Decido almoçar em um barzinho que serve refeições perto da minha casa, onde um PF honesto sai por 11 reais.

Caminho pela rua ensolarada, vou rezando as dez Ave-Marias que faltam para completar o meu terço, alguns cachorros pequenos latem quando passo na frente de seus portões. Vejo um conhecido na outra calçada, aceno-lhe antes de rezar o Glória ao Pai, fico em dúvida se digo bom-dia ou boa-tarde, estamos naquela hora indefinida entre a manhã que ainda não é a tarde e a tarde que ainda é meio matinal. Digo apenas Oba, tudo bem?

Guardo o terço e tiro um lenço, seco a testa que começa a porejar, mas que calor, meu Deus. Uma moradora do bairro sai do mercadinho da esquina com uma sacola onde vejo tomates e laranjas. O vermelho e o verde das frutas se destacam até aos meus olhos míopes. Uma Brasília cinzenta acelera, dirigida por um pintor de paredes que ouve música sertaneja.

Entro no pequeno restaurante, na verdade é um barzinho que serve refeições, procuro uma mesa na direção do ventilador de parede. Sento-me, pergunto qual é o cardápio de hoje e noto que na mesa ao lado está o meu amigo N.

Quem é N.? Ora, é um dos mais bem-sucedidos empresários de nossa cidade. Um cara que eu conheço desde que abriu a primeira lojinha, há mais de dez anos, e hoje comanda uma rede conhecida por oferecer produtos e serviços de primeira qualidade. Se quisesse, N. poderia estar almoçando no mais luxuoso restaurante da cidade, mas não, ele prefere o PF do barzinho do bairro.

N. me fala sobre a sua alegria de poder oferecer alguma coisa boa para as pessoas, e que isso lhe dá mais satisfação do que ganhar dinheiro, embora o lucro seja bom. Com o lucro, ele pode reinvestir no próprio negócio, dar emprego a várias pessoas e caprichar ainda mais na qualidade do que produz.

O PF chega — neste bar nós somos servidos pelo dono da casa, sorridente. N. diz que gostaria de ver mais entusiasmo no poder público. Conta que tem acompanhado as realizações do Doria em São Paulo. "Precisamos fazer a mesma coisa aqui em Londrina", diz meu amigo.

Meu amigo N. não corresponde em nada à imagem que certos políticos e intelectuais fazem dos nossos empresários. Ele nunca foi nem será um "burguês", um "explorador", um "membro da classe dominante". Trata-se apenas um sujeito simples, simpático, sempre disposto a ajudar os outros e fazer o bem. Iguais a ele, eu conheço muitos outros, que trabalham duro e empregam todas as suas energias para gerar bons produtos, bons serviços, bons empregos e boas soluções para este país repleto de problemas. Ele é o empresário da vida real, essa vida real que os burocratas e acadêmicos conhecem apenas de ouvir falar.

Há dois tipos de empresário no Brasil: aquele que tem medo da PF e aquele que não tem medo do PF. Este último vai salvar o país.

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