Imagem ilustrativa da imagem O cheiro das acerolas
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Não existe segunda-feira mais segunda-feira do que aquela em que você acorda com os sintomas da gripe: dor no corpo, dor de garganta, cabeça pesada... Acho que peguei a gripe de um balconista que estava espirrando. Mas não tem nada, não. O importante é que o Pedro não fique doente, ainda mais porque ele está de férias.

Mas a Avenida Paraná não entra em férias; aonde vou, ela me acompanha. Sim, eu poderia publicar um texto "de gaveta", como chamamos no jargão jornalístico, aquele texto reserva que fica pronto para ser utilizado em ocasiões de falha na peça que se encontra sentada diante do computador. No entanto, eu não gosto de publicar textos de gaveta. Soa falso. Gosto de escrever no calor do dia, ao sabor do agora. Como agora.

Acerola faz bem para a gripe, não? Pois tive a sorte de ganhar, neste final de semana, frutas que meu amigo Gregório colheu em seu quintal: mangas, limões, acerolas. As mangas me fazem pensar no Vô Briguet, que adorava essa fruta e raramente chegava em casa sem algumas unidades, as quais ele descascava e cortava habilidosamente com seu velho canivete. Nunca aprenderei a descascar manga tão bem quanto ele, meu querido vô, juiz de futebol e pintor de automóveis, o Cézanne das latarias.

Os limões, ah, os limões. Além de darem um delicioso suco, fazem-me lembrar as famosas caipirinhas que o Moacir fazia nas festas da República da Humaitá. Caipirinhas que já derrubaram muita gente; era preciso tomá-las com parcimônia e comedimento, caso contrário, pileque. Eu nunca tomei as caipirinhas do Moa’s; na verdade, deixem-me confessar que sou bastante fraco para bebida. Melhor o suco.

Quanto às acerolas, o que mais me fascinou nelas foi o delicioso cheiro, um aroma de alegria e felicidade. Se não me engano, o sr. João Sperandio plantou vários pés de acerola no campus da UEL. As acerolas do quintal do meu amigo estavam tão bonitas que eu dei um pouco para o porteiro da manhã, Seu Manuel, assim ele pode chegar em casa e fazer suco para a filha dele, a Emanuelli, um doce de pessoa, que puxou para o pai.
Então é desmarcar as reuniões de trabalho, a consulta com a dentista, a visita à biblioteca, a caminhada pelo centro da cidade. Fico aqui, eu e as acerolas, os limões, as mangas. O Pedro foi para a casa da avó, onde está a salvo da gripe paterna. Rosângela foi trabalhar. E eu abro um livro onde S. Tomás de Aquino ensina:

"Como o conhecimento do homem se inicia pelo sentido, é manifesto que quando a luz da inteligência é mais forte, tanto mais intimamente pode penetrar. Ora, a luz natural da nossa inteligência possui uma virtude finita; de onde que pode alcançar até um determinado ponto. Necessita, portanto, de uma luz sobrenatural para penetrar mais profundamente no conhecimento das coisas que pela luz natural não se pode conhecer. Esta luz sobrenatural dada ao homem é chamada de dom do entendimento."

Agora, laranja com acerola. Atchim!

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