Imagem ilustrativa da imagem "O Brasil é o Espírito Santo"


O escritor e jornalista Nilson Monteiro, meu querido amigo, escreveu um comentário sobre a crônica "O Espírito Santo é aqui", publicada hoje na Avenida Paraná. Em nome do diálogo e do livre debate, reproduzo suas palavras, para que os leitores possam ter uma visão mais nuançada sobre a questão da segurança pública em nosso Estado:

"Paulo, amigo, permita-me algumas observações sobre sua coluna de hoje e apenas uma conclusão: ‘O ovo da serpente é outro’.

O Brasil é o Espírito Santo, com um Estado conivente com a violência, gerada pela impunidade, desde que foi organizado no país. Hoje, meu velho, ocupantes dos presídios de segurança máxima mandam muito mais que os escalões de Brasília.

O Paraná não é uma ilha, embora seus índices de criminalidade não cheguem perto de alguns estados sabidamente mais violentos por uma série de razões, que começam na falta de escola, desagregação familiar, explosão populacional, mudança do perfil econômico do rural para urbano, desemprego etc. e que não nos cabe agora enumerar detalhadamente até porque algumas das razões antes tidas como causadoras hoje foram desmoralizadas pelas ciências e principalmente pela realidade.

Não entro nos méritos de sua conversa com o policial, porque respeito você, como ótimo jornalista, fina pena e meu amigo, e ao profissional da segurança como um trabalhador, que tem família e necessidades, além de o direito de manifestar-se.

Escrevi e repito: não somos uma ilha. Porém, do ponto de vista de segurança os investimentos do estado do Paraná são significativos.

O efetivo policial militar no Paraná até 2011 era mixuruca. Em cinco anos, foi aumentado em 11 mil novos policiais. Com formatura no início deste ano, houve a incorporação de 2,8 mil novos policiais, inclusive com uma boa parcela deles em Londrina. Também em janeiro, houve 1,6 mil promoções e 9 mil progressões. De 2011 para cá, foram criados três novos batalhões, duas novas companhias, meia dúzia de novas delegacias, além de 14 unidades do Paraná Seguro.

No final de 2016, entre outras providências neste setor, em convênio com a Força Nacional, o governo paranaense anunciou o investimento de R$ 2,2 milhões em um aparato, que vai desde coturnos até 865 pistolas calibre 9 mm, além de 13.224 munições de diversos calibres.

O salário inicial de um policial militar no Paraná é de R$ 4.180,07. Enquanto fazem o curso, recebem a metade deste valor.

Ao final, enumero algumas respostas sob meu ponto de vista de cidadão: não admito greve de policiais, assim como o de outros setores de garantia dos direitos fundamentais, como a que ocorre no Espírito Santo.

Não se pode deixar a população indefesa, em descaso desumano, arbitrário, condenável, criminoso; o Estado, em circunstâncias iguais ou parecidas, não pode ficar inerte, abobalhado. O direito maior da população tem que ser resguardado, doa a quem doer.

Mas, fundamental: você me perguntaria se entendo que o aumento de efetivo, aparelhamento policial ou, pior, Estado policial, resolveria o problema?

Eu te respondo: não, enfaticamente não! O ovo da serpente é outro.

Nilson Monteiro.