Imagem ilustrativa da imagem Nossa Senhora da Praça
| Foto: Marcelo Briso Machado



Ela tem muitos nomes. Maria, Aparecida, Fátima, Imaculada, Salette, Lourdes, Chestokowa, Guadalupe, das Graças, Vida e Doçura, Esperança Nossa... A lista é longa, ocuparia toda esta página. Mas agora eu devo chamá-la simplesmente de Nossa Senhora da Praça. Pois foi numa praça, quase esquecida no centro da cidade, que meu amigo fez esta foto da Mãe de Deus, tendo por moldura o céu e as árvores de Londrina. Sem querer, saiu uma obra de arte.

A vós bradamos, os degredados filhos de Eva. Alguém me avisou que o nome Eva tem no nosso idioma as mesmas letras da saudação angélica, que nós católicos fazemos diariamente: — Ave Maria! Ave também é o nome da criatura que sabe voar, fazendo o caminho entre as árvores e o céu, enquanto nós, bípedes implumes, apenas observamos. Mas com Maria foi diferente. Seguindo seu Filho, ela foi levada aos céus, dos quais se tornou rainha. Portanto, se quisermos conhecê-Lo, é prudente segui-la. Como a grandeza de Maria é pequena diante de Deus! Mas como nossa pequenez é diminuta perante ela...

Castro Alves dizia: "A praça é do povo como o céu é do condor". Mas em nossa cidade, infelizmente, há muitas praças sem povo. Se um prefeito pudesse fazê-las renascer, passaria à história. A praça em que meu amigo fez a foto leva o nome de Sete de Setembro. Fica no coração da cidade, mas poucas vezes paramos para observá-la. Nossa Senhora da Praça passa a maior parte do tempo sozinha, tendo por companhia o céu e a terra, nos quais reina.

A Praça Sete de Setembro faz parte do desenho original da cidade, traçado pelo engenheiro russo Alexander Razgulaeff, e tem três irmãs. Juntas, elas formam os ângulos do quadrilátero central. Suas irmãs se chamam Gabriel Martins, Willie Davids e Primeiro de Maio. Todas estão próximas de símbolos da cidade. A Gabriel Martins, do Calçadão; a Willie Davids, da ACIL; a Primeiro de Maio, da Folha; e a Sete de Setembro, da Sercomtel.

Eu sei que você, leitor, já teve praças que marcaram a sua vida. Eu tive várias. Em São Paulo, a Praça Marechal Deodoro, a Praça Buenos Aires, a Praça da República. Em Araçatuba, a Praça do Boi Gordo e a Praça do Estudante. Em Londrina, a Pracinha da Rua Humaitá, onde floresciam os ipês amarelos de minha juventude republicana. Agora, todos os dias, vou com o Cisco à Praça da Madre Leônia, à Praça do Jardim Cláudia, e à Praça do Parque Guanabara, onde existe uma misteriosa pedra. (Meu filho diz que há ninhos de Pokemón em todas elas.)

"Todo reino deve ser mantido com base nas mesmas forças que lhe deram origem", escreveu o historiador romano Salústio. Se uma praça pode ser definida como o ponto de encontro de diversos caminhos humanos, então ela representa a origem histórica do pequeno reino chamado Londrina. A praça é o nosso mito fundador, o nosso código genético, o nosso destino manifesto. Nossa Senhora da Praça, rogai por nós!

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