A busca da felicidade e do sucesso a qualquer preço é, sempre foi e sempre será um caminho certo para o abismo. Tudo o que existe de bom, verdadeiro e belo em nossa civilização tem por base exatamente o oposto: — O importante não é ser feliz, o importante é fazer o bem. Faça o que é certo e a felicidade virá como consequência natural. Ou, em termos bíblicos: "Buscai por primeiro o Reino de Deus, e tudo mais vos será acrescentado".

No último domingo, Dia da Páscoa, São Paulo e Corinthians se enfrentaram na semifinal do Campeonato Paulista. Após determinado lance na área do São Paulo, que estava perdendo o jogo, o juiz mostrou o cartão amarelo ao atacante Jô, do Corinthians, por supostamente ter pisado no goleiro adversário. Imediatamente o zagueiro Rodrigo Caio, do São Paulo, chamou o árbitro e desfez o equívoco, informando que ele próprio havia pisado sem querer no goleiro de seu time. Detalhe: o cartão amarelo deixaria Jô fora da segunda partida da semifinal.

E não é que Rodrigo Caio acabou sendo criticado por sua atitude nobre e correta? Bem verdade que também recebeu elogios pelo fair play, inclusive o do técnico Tite, da Seleção Brasileira. Mas o que me espanta é a virulência dos torcedores que prefeririam ter deixado o adversário no prejuízo, mesmo com base numa injustiça, a corrigir o erro. Desconcerta-me a frase de um colega de time: "Prefiro a mãe do adversário chorando do que a minha".

Imagem ilustrativa da imagem Mexeu com eles, mexeu com todos
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Um dos motivos que levaram o Brasil à atual crise política foi a noção de que só existe uma coisa feia na vida: perder. Esse é o princípio que conduziu as carreiras de todos os políticos e empresários já presos pela Operação Lava Jato — e de todos aqueles que, tenho fé, ainda serão presos. Para atingir o sucesso, o poder e a felicidade material, os caras não hesitaram em pisar no pescoço do povo, arruinar o Estado e conduzir a nação ao buraco.

Chegamos ao ponto em que as pessoas justas, amantes da verdade e respeitadoras da lei, são chamadas de "trouxas", "golpistas", "reacionários" ou "fascistas" — mesmo que sejam o oposto de tudo isso. É o caso da professora Suelem Carvalho, do Departamento de História da UEM (Universidade Estadual de Maringá), que está sendo perseguida, intimidada e caluniada por exercer seu papel intelectual e mostrar aos estudantes as diferentes visões sobre a realidade histórica. A professora paga o preço por cometer o único pecado imperdoável no ambiente universitário de nosso tempo: não ser de esquerda.

Alguns poderiam pensar que a professora Suelem Carvalho e o zagueiro Rodrigo Caio estão sozinhos. Engano! Na verdade, eles representam a maioria silenciosa da sociedade, intimidada pela elite dos corruptos, enganadores e fingidores que devastaram o País. A vitória final pertence às Suelems e aos Rodrigos Caios. A professora não está só. Ela é uma professora, só. O zagueiro não está só. Ele é um atleta, só. Mexeu com ela, mexeu com ele, mexeu com todos.