Há exatos 42 anos, em 26 de julho de 1975, dias após a grande geada que encerrou a era do café no Paraná; enquanto Pol Pot promovia o genocídio de 1 milhão de cambojanos nos campos da morte; enquanto a Igreja vivia uma séria crise — durante o chamado "inverno mariano" pós-conciliar —; enquanto pairavam dúvidas e angústias sobre o futuro do Brasil — Madre Leônia escreveu estas palavras no seu Diário Espiritual. Palavras que poderiam ter sido proferidas na tarde de hoje:

"Os puros de coração habitarão na casa do Senhor.

Minhas filhas espirituais, nesta hora grave da história da Igreja, unamo-nos a Maria Santíssima que, aos pés da cruz, viu, amargurada, seu divino Filho agonizar e recebeu o corpo ensanguentado, antes de sepultá-lo.

A grande dor de Maria não foi natural, semelhante à de uma mãe que assiste à agonia do seu filho único; a dor de Maria é semelhante àquela que esmaga o coração e às vezes produz morte instantânea. São Bernardo se maravilha que ela não tenha morrido com seu divino Filho. A razão disso nós a encontramos na sua altíssima dignidade de Mãe de Deus, Imaculada em sua concepção, cheia de graça, não como os outros santos, mas porque a recebeu plena da fonte. Ela é a mulher celeste que não só gerou a carne do Filho de Deus, mas o concebeu no Espírito, tornando-se ponte da graça de Jesus Cristo para a humanidade, digna, por isso, de ser, além de Mãe de Deus, também Mãe da Igreja e de todos os homens. Portanto, a razão de viver é Jesus Cristo, o mesmo Cristo conhecido, ouvido, amado pelos homens. Maria sente o martírio das feridas que laceraram até a morte o corpo santíssimo do seu Jesus.

Bem havia profetizado o santo Simeão: "A tua alma será transpassada pela espada".

Filhas, soframos com amor!

Leônia de Jesus."