Imagem ilustrativa da imagem Honrar Pai e Mãe
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Um sábio do nosso tempo dizia que há três formas de encontrar a Deus como Pai.

A primeira forma é viver a paternidade em alguma pessoa próxima. Esta pessoa, em geral, é o nosso próprio pai humano, o chefe de família. Na falta do pai — que, infelizmente, segue sendo um drama muito comum nos dias de hoje —, existe a possibilidade de que outra pessoa assuma a função paternal: um irmão mais velho, um tio, um avô, um padre, um pastor, um mestre. Através do rosto dessa figura paternal, podemos vir a conhecer um reflexo da face de Deus. Ter a chance de conhecer e amar o pai humano é uma das maiores graças que Deus pode conceder a uma pessoa. Todos os dias eu agradeço a Deus pelo pai que tive e tenho.

O segundo caminho da paternidade é o vazio, o abandono. Trata-se da via mais dolorosa, reservada a alguns poucos heróis existenciais, capazes de transformar a sua própria fome de paternidade em um modo de alcançar a transcendência. São pessoas que vencem o medo, a solidão e o desespero de não contar com um pai ou uma figura paterna. Meu bisavô Antônio, deixado sozinho no Brasil aos sete anos de idade, em 1896, foi um desses homens. Se ele se tivesse deixado consumir pelo vazio, eu não estaria escrevendo estas palavras agora.

A terceira forma de encontrar a Deus como Pai é tornar-se pai para muitas pessoas, assumindo funções de responsabilidade educacional, moral e espiritual na comunidade. Os verdadeiros líderes, aqueles que possuem autoridade moral, são cada vez mais raros em nosso tempo. Eles existem, mas geralmente estão longe dos holofotes da vida pública. Sua importância, no entanto, é fundamental para a sobrevivência do mundo.

Seja qual for a via tomada, há duas certezas. Primeira, não existe paternidade integral sem a presença e a colaboração da Mãe; o amor maternal é absolutamente imprescindível neste caminho. Segunda, jamais exercerá a paternidade quem não é capaz de demonstrar amor filial diante de alguém, ainda que esse alguém seja Deus.

Um dos maiores dramas do nosso tempo é a perda do sentido de paternidade. A palavra Pai, aos poucos, começa a se tornar um termo proibido, em alguns círculos tomado como sinônimo de opressão e ignorância. Se esse processo de ressignificação da paternidade não for contido a tempo, terminaremos vivendo em uma sociedade semelhante à descrita no livro "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley, em que as palavras Pai e Mãe foram simplesmente banidas da linguagem corrente, sendo substituídas pelo Estado — o pai sem alma.

O sábio a que me referi no primeiro parágrafo é o Padre José Kentenich (1885-1968), fundador da Obra Internacional de Schoenstatt. Ele não teve a alegria de contar com a presença de um pai humano, mas dedicou sua vida inteira a seguir, paralelamente, os outros dois caminhos, mais difíceis, mas não menos luminosos ao final da jornada. Lutemos por nossos pais e mães!

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