Imagem ilustrativa da imagem Carlos, mestre da esperança
| Foto: Arno Alcântara



Nestes tempos em que a educação brasileira vive problemas gravíssimos, enche-nos de alegria e esperança receber uma boa notícia. Ei-la: o professor londrinense Carlos Nadalim está entre os indicados para o Prêmio Darcy Ribeiro 2016, atribuído pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. Segundo o site da Câmara, "o Prêmio foi criado para contemplar pessoas ou entidades cujos trabalhos ou ações mereceram destaque especial na defesa e na promoção da educação brasileira". Desconheço quem corresponda mais a essa definição do que o Carlos.
Milhares de projetos pedagógicos são realizados todos os anos nas escolas de todo o Brasil; tirando os de baixa ou média qualidade, mesmo assim devem restar centenas e centenas de trabalhos dignos de honraria. Portanto, só o fato de estar entre os 32 projetos selecionados pela Câmara já representa uma vitória. Mas o maior reconhecimento vem dos (pela última contagem) 1.032 pais e mães que alfabetizaram seus filhos em casa seguindo o genial método criado pelo professor londrinense. Eu estou entre esses pais: aos 3 anos, Pedro já lia e escrevia as primeiras palavras. Hoje ele inventa músicas e faz rimas.
Autor do livro "As 5 etapas para alfabetizar seus filhos — O Guia Definitivo" e responsável pelo blog "Como educar seus filhos", Carlos Nadalim não apenas ensina as crianças a ler e escrever, como também a falar latim, a cantar e tocar instrumentos, a fazer ginástica e a recitar poemas clássicos da língua portuguesa. E ainda há o belo trabalho de catequese através do método Bom Pastor.
Não digo nada isso por ouvir falar: eu mesmo vi os alunos do Carlos, crianças de tudo, lendo com perfeita dicção poemas de Camões e Manuel Bandeira e formando orações em latim. Certo dia, tive a honra de ter uma de minhas crônicas lindamente recitada pelos pequenos, quando os visitei na escola. O latim das crianças, por sua vez, me fez lembrar meu pai, que quando jovem dava aulas da língua de Virgílio para complementar o orçamento.
Aristóteles afirmava que o supremo bem é a contemplação da verdade. Para o filósofo de Estagira, o ato educativo tem por finalidade formar o "spoudaios", termo grego às vezes traduzido como "homem maduro", mas que vai além disso: trata-se do indivíduo que vive acima das paixões básicas, capaz de se maravilhar e se encantar com a verdade, a beleza e o bem.
O trabalho de Carlos Nadalim é despertar o spoudaios que existe em cada criança. Ele demonstra que o maior desafio da escola brasileira não é a verba, é o verbo. Alguns podem usar esse verbo para distorcer e ocultar a verdade, como fazem os militantes travestidos de professores. Mas muitos dos que abraçam o nobre ofício, talvez até mesmo a maioria, ainda possuem aquela centelha de amor à verdade e ao conhecimento. A obra do Carlos existe para entusiasmar esses mestres e dizer a cada um deles: — Você não está sozinho, amigo. Há algo de muito bom, belo e verdadeiro no horizonte da educação humana.

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