Imagem ilustrativa da imagem A ditadura das palavras proibidas
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Na antiga União Soviética e nos países da Cortina de Ferro, a censura estatal sobre a literatura e o jornalismo levou à criação dos samizdat, livros clandestinos que eram distribuídos de mão em mão. A simples posse de um samizdat poderia levar uma pessoa à prisão. Mas, graças a essas edições clandestinas, o mundo pode conhecer autores fundamentais como Alexander Soljenítsin, Anna Akhmatova, Vaclav Havel, Ivan Klíma e Constantin Noica.

No Brasil, ao longo de um paciente trabalho de 40 anos, a esquerda dominou a maior parte das universidades, escolas, instituições culturais e a mídia dos grandes centros. Em lugar da antiga estratégia leninista de tomada do poder pela força, os esquerdistas brasileiros adotaram a tática de "ocupação de espaços". O resultado nós vemos hoje: as elites intelectuais, em sua imensa maioria, estão completamente desligadas do país real e das pessoas comuns.

Felizmente, o samizdat também existe no Brasil — e seu nome é internet. Graças à liberdade proporcionada pelas redes sociais, os conservadores e liberais brasileiros, que até pouco tempo atrás viviam numa espécie de exílio interno como o dos dissidentes soviéticos, conseguiram firmar uma aliança da verdade com a maioria da população, que comunga dos mesmos princípios morais e espirituais. O povo brasileiro é conservador, e não há como fugir dessa realidade.

Mas, como a liberdade sempre incomodou a esquerda, as elites que destruíram o país, aliadas a organizações eleitas por ninguém, fazem pressão sobre as grandes empresas da internet — notadamente o Google, o Facebook e o Twitter — para que exerçam poder de censura sobre aqueles conteúdos que não agradam aos chefões esquerdistas e globalistas. E a principal arma utilizada para essa censura é o ideal politicamente correto.

A última invenção dos professores de Deus é estabelecer uma lista de "palavras proibidas" e impedir a circulação das chamadas "fake news" (notícias falsas) nas redes sociais. Na opinião do advogado Taiguara Fernandes de Souza, um dos mais argutos comentaristas da internet brasileira, essa ideia é um devaneio totalitário digno de um romance de George Orwell: "Quem leu ‘1984’, sabe: uma vez criminalizada a ideia e criada uma nova língua (novilíngua) que diz apenas o que os senhores do poder aceitam, seremos obrigados a admitir, contra a evidência dos olhos, que 2+2=5".

A ideologia politicamente correta é a principal forma de ditadura do nosso tempo. Ao atacar o próprio coração da linguagem humana, ela impede que as impressões autênticas e sinceras circulem na sociedade. Daí ocorre o fenômeno que temos observado entre as elites brasileiras, assim descrito pelo filósofo Olavo de Carvalho: "As impressões autênticas são o que alimenta a grande literatura; a grande literatura desaparece quando o fingimento histérico se torna endêmico; e o fingimento histérico se torna endêmico quando a sociedade é controlada por psicopatas".

Espero que não precisemos voltar ao velho samizdat.

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