Antes de escrever sobre a chacina de nove pessoas na zona rural de Colniza (MT), pedi ajuda a meu querido São Maximiliano Kolbe, mártir da Igreja, ele que em agosto de 1941 se ofereceu para ser condenado à morte por fome, em Auschwitz, em troca da vida de um pai de família. Indignado com mais este episódio sanguinário em nosso país homicida (que mata 70 mil pessoas por ano), saí em busca de notícias sobre o acontecimento.

Tudo que sei, até agora, é que nove homens foram mortos na última quarta-feira (19) em um assentamento na região de Taquaruçu do Norte, a mais de mil quilômetros de Cuiabá, quase na fronteira com Rondônia. O local é conhecido pelas disputas de terra. Não se confirmaram as notícias iniciais de que haveria mulheres e crianças entre as vítimas. Segundo informações preliminares, um dos mortos era pastor evangélico.

Percorri sites, blogs e perfis em redes sociais das pessoas e instituições diretamente relacionados à questão dos conflitos agrários. Estranhamente, não encontrei aquela ênfase na indignação que seria de se esperar entre a militância esquerdista. Será apenas uma decorrência da falta de informações, da distância do cenário, ou haverá outro motivo para esse intrigante comportamento? As páginas de esquerda parecem bem mais interessadas em promover a "greve geral" no dia 28 e defender o seu querido Lula do que em esclarecer as circunstâncias do massacre em Mato Grosso.

Quem lê esta coluna sabe que meus sentimentos de compaixão não conhecem fronteiras ideológicas. Curvo-me em silêncio e lamento profundamente as vítimas da chacina. Vou acompanhar toda a investigação do crime e quero que os culpados sejam exemplarmente punidos. Não se pode construir uma sociedade civilizada com atos de violência cometidos por facínoras de capuz.

Imagem ilustrativa da imagem A chacina dos sem-mídia
| Foto: Shutterstock



O mais triste, no presente caso, é que as vítimas, muito embora tenham sido chamadas de "sem-terra", na verdade pertencem ao grupo dos "sem-mídia". A maior parte das vítimas de homicídio no Brasil está no mesmo grupo. Além de campeões em mortes, somos os lanterninhas em prender os culpados.

No último século, os regimes socialistas foram incompetentes em todos os setores produtivos, exceto em um: a produção em massa de cadáveres. Mao Tsé-tung mandou 70 milhões para a morte (e mesmo assim continua a inspirar movimentos sociais no Brasil). No Holodomor, Stálin utilizou a arma da fome para sacrificar 3 milhões de ucranianos (e mesmo assim continua a inspirar o ditador da Venezuela).

Parodiando George Orwell, eu diria que em nosso mundo todos os mortos são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros. Temos que permanecer de olhos bem abertos para que a chacina não se torne a principal arma dos criminosos contra o povo. São Maximiliano Kolbe, intercedei por nós.

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