São Paulo, 05 (AE) - A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) reviu a projeção de inflação para este mês de 0,50% para 0,70% por causa do comportamento do preço do álcool combustível, da carne e da gasolina. Em outubro, esses itens já pressionaram a inflação na cidade de São Paulo, que fechou com alta de 1,13%, ante 0,91% em setembro. No mês passado, o álcool combustível, subiu 17,25% e liderou o ranking dos itens que ficaram mais caros no período. O grupo transportes foi o que registrou a maior alta, de 2,99%, no mês passado no custo de vida da Fipe.
"O álcool combustível deve repetir a dose neste mês", diz o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe, Heron do Carmo, que espera um aumento na casa de 20% do produto em novembro. Ele explica que a nova alta deve ser provocada pela retirada do subsídio do governo. Heron pondera, no entanto, que esse efeito poderá ser atenuado, se forem liberados os estoques reguladores.
O álcool subiu 11,74% neste ano e será responsável por um ponto percentual da inflação anual estimada, agora, por Heron
em torno de 7,5% para 1999. "A recuperação de preços foi muito rápida", diz o economista. Em três meses, o álcool combustível recuperou a paridade com a cotação da gasolina, depois de cinco anos de queda. De janeiro a outubro, a gasolina subiu 45,03%. Só no mês passado, o produto ficou 2,34% mais caro, segundo a Fipe.
Os combustíveis, álcool e gasolina, foram responsáveis por 0,30 ponto porcentual de um IPC de 1,13% apurado no mês passado. Quando se acrescenta a essa contribuição o impacto da carne de 0,42 ponto percentual, que ficou 9,7% mais cara no último mês, e do açúcar, com 0,09 ponto e variação de 13,19%, os quatro produtos (álcool, gasolina, carne e açúcar) responderam por 0,81 ponto porcentual da inflação de outubro de 1,13%. Isso é, excluindo-se esses quatro produtos, a inflação de outubro teria sido bem menor, de apenas 0,32%.
Isso mostra, diz Heron, que as pressões de aumentos de preços estão muito concentradas em poucos produtos, como transportes - álcool combustível e gasolina - e alimentação - carne bovina, aves e açúcar. O frango subiu 2,83% em outubro e deve continuar pressionando o IPC em novembro. Nas contas de Heron, a carne bovina deverá subir em torno de 5% este mês e a tendência do açúcar também é de alta. Mas, em ambos os casos, o ritmo de reajuste será inferior ao de outubro.
Desaceleração - Essa desaceleração já foi sentida no mês passado, diz Heron, argumentando que o grupo alimentos subiu menos, 1,77% na última semana de outubro, ante 1,88% na terceira quadrissemana do mês. Na análise do economista, a carne e o açúcar devem ficar estáveis em dezembro. Para o último mês do ano, o coordenador do IPC da Fipe mantém a previsão de um índice de 0,30%.
Segundo ele, o impacto mais importante da variação do câmbio nas cotações já ocorreu e os preços relativos estão alinhados. Para os anos 2000 e 2001, ele diz que não há nada que indique que as metas estabelecidas pelo governo sejam superadas. "Ao contrário, elas são plausíveis."
Para o ano que vem, ele acredita que a inflação medida pela Fipe fique em 5%, abaixo da meta do governo de, no máximo, 6%. "Mas eu estou sendo conservador na minha previsão", diz Heron que admite um IPC menor que 5% para o ano 2000.