Ney Braga faria 100 anos

Ney Braga faria 100 anosO jornalista Luiz Geraldo Mazza, colega de FOLHA, lembrava, ontem, em sua muito lida Coluna, o centenário de nascimento do ex-governador e ex-ministro Ney Braga, que foi homenageado no Museu Paranaense, em Curitiba. Lembrou Mazza que Ney Braga foi lançado na política pelo seu cunhado Bento Munhoz da Rocha Neto. E como muita gente chegou há pouco tempo em Londrina ou no Paraná, nunca é demais entrar um pouco mais na história política de perfil sempre elogiado, como bem lembrou Luiz Geraldo Mazza. Eu estava, em 1959, sozinho na velha Redação da FOLHA, ainda de madeira, quando chegou um cidadão de estatura mediana, de terno azul, e me disse boa noite e foi se apresentando: sou Ney Braga, ex-prefeito de Curitiba, agora deputado e sou candidato a governador do Paraná. Pedi que sentasse e dei um jeito de chamar João Rimoli, o editorialista do jornal, que estava nas oficinas. Em seguida, chegou Walmor Macarini. E Ney Braga foi muito bem atendido por todos. Ontem, conversei pelo telefone com Oscar Alves, que foi da equipe de Ney, da primeira hora, ele e José Richa, que era o presidente da União Paranaense de Estudantes, e que lançou Ney para o governo do Estado. Ney Braga havia sido eleito deputado federal com 63 mil votos. Perdeu apenas para Jânio Quadros, de São Paulo, que foi candidato pelo Paraná, e fez 70 mil votos. O terceiro colocado foi Plínio Salgado, cujos cabos eleitorais em Londrina eram o professor e advogado Ivan Luz e Celso Dávila, jovem advogado. Em uma reunião com Richa e Oscar Alves, Ney Braga lhe disse: "sou um candidato pobre, sou tenente do Exército, e ninguém vai ganhar de Souza Naves (nome de rua em Londrina)", que era do PTB e diretor da carteira de crédito agrícola do Banco do Brasil. Ney Braga pensava em tornar-se conhecido para ser candidato em 65. Oscar e Richa formaram os diretórios do PDC em Londrina, Bela Vista, Alvorada do Sul, Porecatu e etc. João Olivir Gabardo, Gilberto Santos e Wilson Andrade estavam na linha de frente do diretório em Londrina. Mas aconteceu o seguinte no pleito de 1960: o favorito Abilon de Souza Naves morreu de enfarte, durante jantar que a Associação Comercial do Paraná lhe oferecia em Curitiba! Seu substituto estava entre Amauri de Oliveira e Silva, Léo de Almeida Neves e Nelson Maculan, que havia assumido o Senado. O PTB ouviu Jango Goulart, que decidiu: Nelson Maculan será o candidato. Jânio Quadros era o candidato a presidente da República nesse ano. E o pessoal de Ney Braga bolou o slogan "quem é Jânio é Ney, quem é Ney é Jânio" e não deu outra. Os dois foram eleitos. Ney Braga foi também senador, eleito em 1966 com 700 mil votos. Antes, em 1964, foi ministro da Agricultura do governo Castelo Branco. Em 64, foi o candidato de Castelo contra Costa silva, para a presidência da República. Foi ministro da Educação do governo Ernesto Geisel. Ney Braga voltou a ser governador em 79, com Hosken de Novaes, como vice, que depois assumiu o governo. O presidente Tancredo Neves, que morreu antes de tomar posse, havia convidado Ney Braga para ser presidente de Itaipu, e José Sarney honrou o que havia sido decidido. Ney Braga nasceu na Lapa, em 1917 e faleceu no ano 2000, portanto com 83 anos.