Uma bolsa de estudos mudou o roteiro e a vida profissional de Marco Antonio de Almeida. "Após concluir o curso de Medicina na Universidade Estadual de Londrina (UEL), ganhei uma bolsa do governo alemão para estudar música (piano) em Hamburgo, onde estou até hoje", relata o londrinense que vive na Alemanha há 40 anos.

Imagem ilustrativa da imagem Tour pela Alemanha com pianista londrinense



Depois de concluir a graduação, Marco Antonio optou por deixar a carreira de médico de lado para dedicar-se totalmente à música na Europa. "Fiz mestrado, doutorado e hoje sou professor catedrático de duas universidades: Hamburg e Halle (antiga Alemanha Oriental). Aliás, Halle é a cidade de uma das mais antigas universidades da Europa, Martin-Luther Universität, que leva o nome de Martin Luther, fundador da Universidade e um dos iniciadores da igreja evangélica, aquele que traduziu a Bíblia para o alemão. O Brasil estava sendo descoberto e na Universidade de Halle já acontecia os primeiros doutoramentos", salienta. O pianista ressalta ainda que foi em Halle onde nasceu Georg Friedrich Händel, o famoso compositor de óperas barrocas e do famoso "Aleluia". "Sua casa é um belo museu e a minha segunda residência é ao lado. Não sei dizer se Händel é meu vizinho ou se eu sou o vizinho de Händel", brinca.

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Mas é na cidade de Hamburgo que o londrinense passa a maior parte do tempo. "Hamburg é a segunda maior cidade da Alemanha, com 1,8 milhões de habitantes. Foi o maior porto da Europa (hoje perde para Rotterdam, na Holanda) e atualmente é o mais importante porto estaleiro do continente, onde são reformados e construídos navios e grandes transatlâncicos", conta.

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Hamburgo é banhada pelo rio Elbe, que desemboca no mar do Norte. O clima da cidade varia entre 20 graus no verão (de julho a agosto) e menos 5 graus no inverno. "A média é de 11 graus o ano todo. O hamburguês brinca que a diferença é que no inverno usamos o capote fechado e no verão o capote aberto", diverte-se.

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Ele destaca que uma das maiores da cidade é o belíssimo lago Alster. "O lago tem forma de um oito deitado, separado por uma ponte que faz parecer que são dois lagos. Como venta muito é ideal para velejar no verão e patinar no inverno", diz.

A elegância dos moradores locais ajuda a elevar ainda mais o charme de Hamburgo, na avaliação do londrinense. "Mulheres lindas, altas, com pele de pessego à la Gisele Bündchen e homens elegantes, todos usando "underdress" (influência inglesa) ou seja o hamburguês nao gosta de se mostrar, apesar de ser junto com Montreal e Milano uma das cidades de maior renda per capita do mundo", enfatiza.

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Outro ponto que chama a atenção em Hamburgo é a vida cultural intensa. "A cidade tem 60 teatros, 60 museus, três orquestras sinfônicas e uma ópera tão famosa quanto o Metropolitan, de Nova Iorque. Hamburgo tem dois bairros com nome de santos: St Georg, onde moro, a uma quadra do lago; e St Pauli, o maior bairro de boates, cassinos, prostituição, com a famosa rua de mulheres nas vitrines, clubes underground e bares da Europa. Foi lá que aconteceu o primeiro streptease mundial e, pasmem, onde os Beatles estrearam. Ao mesmo tempo, onde Brahms frequentava...um bairro boêmio, de artistas e intelectuais, onde não se dorme", detalha.

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Marco Antonio ressalta que devido às temperaturas amenas, a melhor época para visitar a Alemanhã é entre final de maio até início de outubro. "Neste período é outono, quando as cores das folhas variando do amarelo ouro até o vermelho queimado e banhadas pelos raios de sol são uma beleza digna de ser apreciada", reforça.

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Entre os roteiros imperdíveis citados por ele está uma viagem de barco pelo rio Reno que dura entre quatro e seis horas. "Pode-se começar pela cidade de Colônia, aproveitando para visitar a Catedral e terminar em Dusseldorf a cidade da moda. A Catedral de Colonia, do séc XIII, tem estilo gótico e levou 600 anos para ser construida. Dizem que abriga em seu altar a ossada dos reis magos. É considerada patrimônio da humanidade e é a terceira igreja mais alta do mundo", descreve

O vale do Reno é uma das regiões mais lindas da Alemanha, na opinião do londrinense. "Do barco os visitantes se maravilham com os castelos, vinhedos, ruínas e vilas que abrigam hotéis de luxo. Cada região do Reno tem um tipo de vinho, dependendo da inclinação do morro e da irradiação solar. Entre eles o famoso vinho Riesling (branco, rosé e tinto), que possui um misto de sabores cítricos, frutas adocicadas, pétalas de flores e álcool, que fazem desse vinho exótico uma especialidade alemã. Os turistas acostumados com a salsicha e cerveja alemãs descobrem no vinho Riesling uma outra Alemanha", garante Marco Antonio.

Outra dica de roteiro é a Rota Romântica. "É a estrada que liga as cidades de Würzburg a Füssen, nos Alpes, passando por cidades históricas como Rothenburg ob der Taube, datada de 1200 e que mantém as muralhas na parte histórica da cidade. E castelos como o Neuschwanstein, onde morou o rei Ludwig da Baviera, um dos castelos mais lindos do mundo e que serviu de inspiração para filmes da Disneylandia, como A Bela Adormecida", recomenda.

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A capital Berlim, a festiva Munique e a charmosa Dresden também fazem parte da lista dos roteiros a serem visitados na Alemanha. "Após a queda do muro em 1989, Berlim está se tornando uma das cidades mais lindas da Europa. Entre as atrações imperdíveis estão o Portão de Brandenburg, Memorial do Muro, Memorial do Holocausto e a Filarmônica de Berlim, um dos maiores templos de música do mundo. O castelo "Sanssuci" (do francês, sem preocupação) e o Friedrichpalast, um palácio de musicais que concorre com a Broadway, também fazem parte do roteiro. O visitante também não pode de visitar um campo de concentração, Dachau, para lembrar, orar e esquecer a tragédia nazista", aconselha.

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"Em Munique acontece a maior festa do mundo: a Oktoberbier Fest, a festa da cerveja que acontece entre setembro e outubro, é uma maravilha. Estando na cidade é obrigatório visitar a Cidade Velha e o célebre Jardim Inglês. Já Dresden é considerada a Paris da Alemanha Oriental. É lá que localizados o palácio Zwinger - uma das maiores obras-primas do barroco europeu, um enorme complexo de edifícios, fontes, museus e jardins no coração da cidade, e a igreja Frauenkirche, uma das igrejas de maior valor arquitetônico do Velho Continente destruida no final da segunda Guerra Mundial pelos ingleses e reconstruída em 2005. Aliás, participei de alguns concertos para a reconstrução da igreja", afirma Marco Antonio.

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Além da vida cultural efervescente e das paisagens deslumbrantes, o comportamento do povo alemão chamou a atenção do londrinense. "O que parece "ser frio" na Alemanha é a grande diferença entre a gratuita simpatia (e gostosa) dos brasileiros e o tempo que os alemães necessitam para ser abertos aos sentimentos. As emoções germânicas são implosões internas que geraram o romantismo germânico nas artes. Como o alemão pode ser "frio" se lá é o berço do Romantismo na Música, Pintura e Literatura?", argumenta o pianista londrinense.