Nada a comemorar em se tratando de economia
A crise instaurada na semana passada com as delações da JBS deixa um legado desolador para nossa economia.

Fazer as melhores escolhas exige cuidado
A grande preocupação da economia é com o bem-estar social, e para isso o economista estuda a melhor forma de alocar os recursos disponíveis, buscando o máximo de satisfação com aquilo de que dispõe.
É fato que os recursos são escassos e isso implica que a satisfação possível será sempre aquém daquela desejada. Então torna-se mais importante ainda tomar boas decisões econômicas para obter os melhores resultados.

A verdadeira preocupação
Neste momento, nossa atenção está voltada às altas taxas de desemprego que deixam mais de 14 milhões de pessoas impedidas de se sustentarem e aos seus.

Ensaiávamos uma recuperação
Os números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), considerando as cinco maiores cidades que compõem a RML (Região Metropolitana de Londrina) - Londrina, Arapongas, Cambé, Rolândia e Ibiporã, que representam juntas 82,2% da população total e 86,4% do PIB -, apontam para uma recuperação do emprego, com saldo positivo de 1.069 postos de trabalho com carteira assinada, puxados fundamentalmente pela indústria de transformação e pelo setor de serviços.
No Brasil, o mês de abril trouxe um saldo de 59.856 postos de trabalho, segundo mês consecutivo de resultado positivo, depois de dois anos com números negativos.

O que é preciso para consolidar uma recuperação
Para continuar um processo de recuperação, é preciso que haja um contínuo investimento na produção, que gera riqueza e cria empregos e, para isso, o setor produtivo precisa fundamentalmente de duas coisas: previsibilidade e baixas taxas de juros.

Por que previsibilidade
Previsibilidade porque as decisões de produção passam necessariamente por saber se as pessoas terão renda para comprar seus produtos, se os custos dos insumos manterão seus preços, se a legislação não criará obstáculos para a manufatura, etc.

Por que juros baixos
Juros baixos porque o empreendedor precisa tomar crédito e se os resultados que ele obtém de sua produção de bens e serviços for menor que os juros que pagará, é claro que não investirá, não gerará riqueza e certamente não criará novos postos de trabalho.

Os determinantes da taxa de juros
O juro é o custo do dinheiro, e no Brasil a taxa básica de juros (é básica porque esta taxa serve de referência para estipular a taxa de juros cobrada para a empresas, para as pessoas físicas, etc.) é definida pelo Copom (Comitê de Política Monetária), que se reúne a cada 45 dias para defini-la.
Para definir a taxa básica no período, o Copom, leva em consideração o juro básico da economia americana, o risco País, o risco cambial e a expectativa de inflação. (voltaremos a este assunto na próxima coluna)

O legado deixado pela crise desta semana
A próxima reunião do Copom ocorrerá dias 30 e 31 de maio para definir a taxa de juros para o próximo período. E a expectativa era por uma redução de 1,25%, levando-a para 10% ao ano.
Essas expectativas foram pulverizadas pelos episódios relatados na denúncia premiada dos executivos da JBS. O Risco Brasil subiu 30%, o real se desvalorizou 8% frente ao dólar, o que implica impacto negativo na inflação e o risco cambial não dá sossego.
Não há como manter a projeção de queda significativa na taxa de juros, isso é, se tivermos queda realmente.

Nada a comemorar
Portanto, a recuperação que se anunciava sofre um enorme baque e as taxas de desemprego, que mesmo com a recuperação da economia já tendiam a crescer pois o número de pessoas que procuram emprego aumenta mais que a oferta de postos de trabalho, agora ficam definitivamente comprometidas.

Marcos J. G. Rambalducci é professor doutor da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) e consultor econômico da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina) [email protected]