Após um período maravilhoso de férias, o Histórias Mínimas retorna contando a história (com licença poética e muita abstração) de leitores que gostam de contar causos mas tem uma certa timidez em escrever. Se esse é seu caso, conta sua fábula para mim e eu escrevo para você! Mas aguardo seus e-mails.

Abraços, e boa leitura!

Patrícia Maria


O que tem nessa mala, Adalberto?

Era uma vez um jovem casal que vivia feliz e tranquilo em um condomínio na zona sul da cidade. Um pequenos paraíso, cercado por apartamentos de todos os lados. Três torres de 25 andares cada formavam um triângulo retângulo perfeito. Fosse D um ponto na hipotenusa AC, nossos heróis moravam em B, no décimo segundo andar. E, nada perturbava a vida tranquila dos recém-casados, até que um dia, ao voltar de seus escritórios para o aconchego do lar, uma discussão nos vizinhos acima chama atenção da jovem Bia. Fábio entravam com as compras, enquanto a jovem mostrava uma feição curiosa.

"Que cara é essa?", "Shiu! escuta!", do andar de cima uma voz feminina gritava: - Saia daqui, Adalberto. Não me toque! Eu tenho nojo de você! N.O.J.O, nojo! Ou você acha que eu não vi o que tinha na sua mala? Hein, Adalberto?! Você vai dormir na sala!"

Bia e Fabio, ficaram intrigados, o que teria feito Adalberto para incitar a fúria e aversão de sua amada? Mas o mais importante. O que tinha na mala?

A cada noite a briga dos vizinhos ficava mais intensa. Certo dia, Bia achou ter ouvido Adalberto ser quase atingido por um copo. "Afaste suas mãos imundas de mim. Adalberto! Nunca vou esquecer o que eu vi na sua mala!". E, o som das portas batendo estava se tornando trivial.

Fabio e Bia nunca tinham visto os vizinhos do apartamento de cima. Apesar de já viverem naquele bloco a mais de um ano. Foi com surpresa que Fábio, voltando da academia, ouviu na garagem a voz que sempre repudiava Adalberto. Vinha de trás, ele ficou com receio de virar, ela parecia falar com uma amiga ao telefone e estava sem o marido. Fabio foi no sentido do elevador e a voz o seguia. Ele imaginou que Bia ia adorar saber qual era a aparência da voz. Juntos eles já tinham imaginado várias formas para o casal. "Pela voz eles são jovens" apostava Bia, Fábio já achava que eles pareciam ser mais velhos, pelo modo como Adalberto sempre estava calado nas discussões . "Soldado esperto", pensava o jovem. Quando a porta do elevador abriu e revelou o grande espelho. A voz tinha entrado na porta da lavanderia.

"Não foi hoje que conhecemos a mulher do Adalberto", contou ao entrar em casa. Apesar de não saber o que a amada de Adalberto tinha encontrado na sua mala, o jovem casal torcia por ele.

Os dias se passaram e certa noite Bia acordou de madrugada e cutucou o Fabio. "Amor, amor...ouça! Adalberto está se dando bem!"

PATRÍCIA MARIA ALVES é jornalista na Folha de Londrina e mantém esse blog para incentivar a escrita criativa e a leitura de entretenimento nos leitores da Folha de Londrina.
Escreva seu conto, crônica ou causo para o e-mail [email protected] e me deixe apreciar essa veia literária que você está escondendo do mundo.

Beijos.

PS: Todos os nomes foram trocados para preservar a intimidade do Adalberto.