Olá! Parece que faz muito tempo que não nos encontramos aqui. Mas garanto que foi ontem. Não mais que duas horas... A impressão do tempo e espaço é vaga. Não quero confundi-los, mas foi agorinha mesmo. Agorinha, agorinha, também os leitores me enviaram seus contos. E, me emocionaram com suas ficções. Eu até ia compartilhar com vocês os contos de natal, mas fui egoista e guardei para mim! Chorei baixinho, como quando li "A arvore de natal na casa de cristo", conto do Dostoiévski que parte o coração da gente. Fica a dica de leitura.

RESOLUÇÃO DE ANO NOVO

Era uma vez... há muitos e muitos anos atrás, num planeta distante chamado Felicidade, morava um garotinho feliz. Ele acordava todos os dias, aquele sorrisão no rosto, o dia ensolarado, a realidade vibrante e de mãos dadas com a sorte seguia seu curso. Sem enxergar um vazio não preenchido na sua vida perfeita e poética.

Foi somente um dia qualquer quando leu um artigo na web que descrevia as 'treze coisas que você precisa saber sobre a tristeza' que ele soube que ela existia. Então, passou a entender sua vida como incompleta.

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Um Feliz 2018 para todos vocês e vamos ler!

PATRICIA MARIA


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VENTO

Dorothy, enraizada em seu mundinho cinzento, carregada para além do arco-íris, nem percebeu a chance de modificar sua história!

SONIA REGINA ROCHA RODRIGUES é leitora da Folha de Londrina

Sonia, gosto muito dos seus microcontos e para retribuir aqui vai um para você: 7h da manhã, levanta-se, escova os dentes, lava o rosto, na cozinha, pega um café na garrafa. "Tá frio!"



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SURPRESA

Maria Tereza não quer tomar chá, nunca mais tomou chá depois da partida do pai, o mago das ervas medicinais. Quem é que se apaixona por um homeopata velho? Se bem que a mãe cochichava ao telefone que "amor" não era o motivo, mas Maria Tereza não tinha idade para falar destas coisas, embora fosse sabido e permitido que a menina ouvisse pela extensão. Esses pactos furtivos dos quais nem todas as partes tem plena consciência dos termos são coisa de família, a mãe da mãe era uma velha ardilosa e manipuladora. O que é ardilosa, pai? É coisa de adulto, Tetê, você está atrasada para a escola, anda. Ora, mas tenho idade pra saber o que é homeopata. Anda, Tetê, anda.

Andando pelos corredores, percebe que o cheiro do chá está esplêndido, como há meses não havia estado. Não foi mamãe quem fez, o dela tem cheiro de pano de prato. Pai? Feliz aniversário, Tetê! Tem chá de camomila! A menina adora camomila, mas hoje não quer tomar. Cheira bem, mas dá nó na garganta, tenho medo de vomitar, pensou, não estou muito afim, disse. Você sumiu e não voltou mais, eu tenho que ir de carona pra escola agora, não me deu nenhuma explicação, e eu descobri o que é ardilosa sozinha, você é que é ardiloso, já sabia que ia embora e não me contou nada, pensou. Estou atrasada para escola, disse.

Tetê pensa mais do que diz, aceitou ir para a escola com o pai no dia do aniversário. Quer perder uns minutinhos da aula e tomar um sorvete? Mamãe não gosta que eu me atrase nem coma doces por estas horas. Mamãe não precisa saber. Não vou enganá-la também. Também? Que conversa é essa, Tereza? Já está me saindo feito a sua mãe. É de família, você quem disse, ela é igual à mãe e eu igual a ela. Tudo bem, como queira, vamos para a escola, tem um embrulho no banco de trás, é para você.

Sentada no parque da escola, Maria Tereza admirou com misto de satisfação e culpa o tão almejado tênis de rodinhas. Eu não deveria estar gostando do presente de papai, pedi há 3 meses atrás e ele disse que eu era muito pequena. Com certeza está sendo ardiloso, pois eu não cresci nada de lá pra cá, se ele estivesse lá para continuar medindo meu tamanho saberia disso. Pensou em omitir o fato da mãe e brincar com os tênis escondida, da mesma forma como escutava conversas pela extensão da dispensa. Hesitou, pois assim poderia ser que se tornasse também uma ardilosa, melhor falar.

Bianca faltou à escola, não é hábito, mas o pai faleceu nesta madrugada. Coitada da Bianca, perder o pai nesta idade deve ser horrível. É horrível mesmo, eu odeio perder o pai. Maria, não foi seu pai que te deixou na escola hoje? Você não perdeu ninguém, isso não é coisa de criança dizer!

Às vezes fico pensando que perder o pai de morte é melhor do que perder o pai de divórcio e ele virar um ardiloso, porque morrer não é culpa de ninguém, o pai da Bianca com certeza não fez nada por mal. Será que Deus está ouvindo? Tomara que não, as crianças são puras e não pensam em morte dos outros.

Maria Tereza esperou a sala esvaziar, e sorrateiramente se botou de costas para a régua em formato de girafa pregada na parede. 1,5 cm! Estou crescendo à beça, agora vou é pensar o que quiser. Na verdade não quero que papai morra, tomara que a vovó esteja errada e o pensamento não tenha poder nenhum nem sirva pra nada, credo.

VIVIAN CAMPOS é Analista de Comunicação e leitora da Folha de Londrina.

Ardiloso... 0_0



Pois assim começamos nosso 2018... Se você quiser me mandar suas incursões literárias, estou aqui. Leio todas! me manda um e-mail: [email protected].

Beijos e até semana que vem!